quarta-feira, dezembro 31, 2008

SACUDINDO A POEIRA

2008 já era. Está na hora de abrir alas, porque 2009 deseja passar. Como sempre acontece, acho que será um ano bom. Tenho lá minhas resoluções de ano novo. Ler a maior quantidade de livros de que for capaz. Transar com a maior quantidade de mulheres à minha disposição. Escrever meu primeiro livro. Passar um mês em São Bento. Começar a correr. Voltar a malhar. Viver de incógnitas é comigo mesmo.
Acabei de falar com Bruna. Espero que ela se recupere. Não mereceu o fim de algo que considerava belo. Mas a vida é assim, suponho. Não vivi o suficiente ainda para determinar. Só o que existe é o que eu penso e sinto e amo.
2008 já era. 2009 agora é uma criança recém-nascida. Deixemos que brinque um pouco antes de crescer e desabrochar.

terça-feira, dezembro 30, 2008

A VIDA É UMA FESTA

Gilmar hoje quis saber como se escreve "Ernest Hemingway".

Não é preciso muito para aguçar meus sentidos literários. Corri até a minha estante (a "blindada", como diria meu amigo Raimundo Martins, que Deus o tenha) e dela retirei meu exemplar de "Paris é uma festa", do mesmo autor de "Por quem os sinos dobram" e "O sol também se levanta". A tradução é de Ênio Silveira.
"Estava na época do mau tempo", assim começa essa obra-prima da "geração perdida" - ainda que Ernest tenha imediatamente rejeitado este rótulo, gratuitamente estabelecido por Gertrude Stein. "Chegaria a qualquer momento", prossegue, "no fim do outono. Teríamos de fechar as janelas à noite, por causa da chuva, e o vento frio arrancaria as folhas das árvores da Place Contrescarpe. As folhas ficariam no chão, encharcadas, o vento atiraria a chuva contra os grandes ônibus verdes no ponto terminal, e o Café des Amateurs ficaria cheio de gente, suas janelas embaçadas pelo calor e pela fumaça lá de dentro. Era um café triste e mal administrado o Amateurs, onde os beberrões do bairro se apinhavam e do qual eu me mantinha afastado por causa do cheiro de corpos sujos e do azedo da embriaguez".
Aparentemente, o texto acima não deve ter dado muito trabalho ao autor quando o produziu. e na verdade não deu mesmo, posto que o tom é o de quem escreve sem preocupação com a perenidade da obra literária. Mas acredito que aí está o "pulo do gato" de Hemingway como escritor: o escrever sem pressa, pelo puro prazer da arte pela arte. Sem a preocupação do ganha-pão, sem a peso do trabalho. E vejam que preocupação na época em que os eventos mencionados transcorrem, preocupação era o que não faltava para Ernest, posto que justo nessa época ele decidiu abandonar o jornalismo para viver unicamente do que lhe poderiam render seus contos.
Essa aflição e incerteza, aliás, estão explícitas no capítulo "A fome como boa disciplina". "Se você não se alimentava bem em Paris", conta, "tinha sempre uma fome danada, pois todas as padarias exibiam coisas maravilhosas em suas vitrinas e muitas pessoas comiam ao ar livre, em mesas na calçada, de modo que por toda a parte via comida ou sentia o seu cheiro. Se você abandonou o jornalismo e ninguém nos Estados Unidos se interessa em publicar o que está escrevendo, se é obrigado a mentir em casa, explicando que já almoçara com alguém, o melhor que tem a fazer é passear nos jardins do Luxembourg, onde não via nem cheirava comida, desde a Place de l'Observatoire até a rue de Vaugirarard".
Aqui na internet, "pesco" a seguinte observação do senhor Eduardo Hakk (http://www.eduardohaak.kit.net/hemingway.html):
"O livro é, por excelência, um volume de fuxicos, de irrelevâncias deliciosas que, se por um lado não oferecem grandes verdades aos leitores (seja lá que merda signifique 'grandes verdades'), por outro humanizam essas figuras todas do modernismo: Gertrude Stein, Ezra Pound, Ford Maddox Ford, James Joyce e tutti quanti - pra não falar do próprio Hemingway".
E, quando o assunto são as "irrelevâncias deliciosas", porque não dizer que "Paris é uma festa" está impregnado de vida? Desse nosso absolutamente fabuloso cotidiano, cheio de bons e de maus momentos? Lembro agora de Los Hermanos: "Todo carnaval tem teu sim". Concordarei com essa grande verdade só no fim da minha jornada. Que seja esse, então, meu epitáfio. Mas não agora. Não agora.
Agora, quero repetir todo santo dia que é a vida, mais do que a morte, a que não tem limites.
Quero repetir que a vida é uma festa.
E tenho dito.

terça-feira, novembro 25, 2008

Saramago: "Não sou pessimista, o mundo é que é péssimo"

Às vésperas da inauguração da exposição José Saramago: A Consistência dos Sonhos, que traz objetos de sua carreira, o escritor português, Prêmio Nobel de Literatura em 1998, conversou com os jornalistas em um encontro realizado no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, nesta terça-feira.
Bem-humorado - algo raro -, o escritor falou sobre seu novo livro, A Viagem do Elefante, o período em que ficou internado, o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e sua fama de pessimista. "Não sou eu o pessimista; o mundo é que é péssimo".
José Saramago: A Consistência dos Sonhos foi organizada por Fernando Gómez Aguilera e traz mais de 500 objetos originais do autor de Ensaio Sobre a Cegueira e Memorial do convento, entre outros.
Nesta sexta-feira, no Instituto Tomie Ohtake, Saramago participa da abertura da exposição, que segue no local até 15 de fevereiro.
A Viagem do Elefante
Saramago também aproveita a visita para promover seu novo livro, A Viagem do Elefante, escrito em um momento delicado, quando o escritor ficou internado à beira da morte.
Ele conta que escreveu as primeiras 40 páginas antes da internação. Então, ficou sete meses sem escrever e chegou a pensar que não concluiria o livro. Ironicamente, é o livro mais bem-humorado do autor. "Esta história pedia isso. Não quis incluir a minha vida, o momento pelo qual estava passando, não tinha a ver com o enredo do livro".
Sobre a experiência, o escritor brinca: "estou muito mais sereno agora. E olha que nem precisei ler um livro do Paulo Coelho para ficar assim. Percebi que uma doença vale mais que toda a obra dele", ri Saramago.

sábado, novembro 22, 2008

Pela 1ª vez no Brasil, 'Playboy' traz coelhinhas na capa


Ana Lúcia, Márcia Spézia e Thaiz Schmitt estamparão a capa da edição de dezembro da revista Playboy. Pela primeira vez no Brasil, as "coelhinhas", vão posar nuas para a publicação masculina.
Elas foram fotografadas por J.R. Duran em uma mansão no interior de São Paulo, em clima de diversão e "pegação".
Tanto que o slogan criado para a próxima edição da revista é: "O que nós entendemos por confraternização de fim de ano".

quarta-feira, novembro 12, 2008

Brasil cai para o 5º lugar no ranking da Fifa

JB Online

RIO DE JANEIRO - A Fifa divuldou nesta quarta-feira seu novo ranking de seleções. O Brasil caiu uma posição, sendo ultrapassado pela Holanda, e ocupa agora o quinto lugar. A Espanha, campeã da Eurocopa, continua na liderança.

A Itália, atual campeã mundial, também desceu um degrau, perdendo a segunda posição para a Alemanha. Outra mudança foi o retorno da Inglaterra, que subiu quatro posições, ao grupo das 10 melhores seleções.

Confira o ranking:

1) Espanha - 1657 pontos (-)
2) Alemanha - 1413 pontos (+1)
3) Itália - 1356 pontos (-1)
4) Holanda - 1306 pontos (+1)
5) Brasil - 1286 pontos (-1)
6) Argentina - 1181 pontos (+1)
7) Croácia - 1158 pontos (-1)
8) Rússia - 1079 pontos (+1)
9) República Checa - 1062 pontos (-1)
10) Portugal - 1058 pontos (-)
11) Inglaterra - 1058 pontos (+4)
12) França - 1035 pontos (-1)
13) Turquia - 1032 pontos (-)
14) Camarões - 1013 pontos (-2)
15) Israel - 1004 pontos (+1)

quinta-feira, outubro 30, 2008

MEC divulga locais de prova do Enade 2008

Do G1, em São Paulo

O Ministério da Educação (MEC) liberou os locais de prova dos selecionados para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2008. O link para consulta foi publicado na noite desta quarta-feira (29), mas passou por problemas técnicos e voltou a funcionar na manhã desta quinta-feira (30).

Veja aqui onde será aplicado o Enade 2008

As provas serão aplicadas em 9 de novembro, às 13h. No total, 824 mil estudantes foram inscritos. Desses, 722 mil estão habilitados para fazer a prova. Quem foi selecionado, deve fazer o Enade; caso contrário, não poderá colar grau e obter o diploma.

Locais de prova

Os candidatos também devem receber em casa o endereço em que realizará a avaliação do MEC. Quem não receber o cartão com o local, data e horário de prova, deve procurar a universidade ou consultar a página do Enade. O não-recebimento do cartão não impede o aluno de fazer a prova. Basta apresentar documento de identidade com foto.

Os cursos avaliados este ano serão os de arquitetura e urbanismo, biologia, ciências sociais, computação, engenharia, filosofia, física, geografia, história, letras, matemática, pedagogia e química, além dos cursos superiores de tecnologia em construção de edifícios, alimentos, automação industrial, gestão da produção industrial, manutenção industrial, processos químicos, fabricação mecânica, análise e desenvolvimento de sistemas, redes de computadores e saneamento ambiental.

terça-feira, outubro 28, 2008

'Playboy' divulga primeira foto do ensaio de Cláudia Ohana


A revista Playboy divulgou nesta terça-feira a primeira foto do ensaio de Cláudia Ohana. Na imagem, a atriz, que estampa a capa de novembro da publicação masculina, aparece vestindo apenas um corpete tomara-que-caia preto.
Esta foi a segunda vez que Cláudia, 45 anos, posou nua para a Playboy. "Não sou mais menina, sou mulher de verdade. Agora estou mais malhada, com pernas mais torneadas do que nos anos 80", comentou ela.
A pedido da própria atriz, o tema do ensaio fotográfico foi o circo. "Queria um cenário que fizesse referência ao meu começo no cinema. Algo bem cru, que não combinasse com cílios postiços ou maquiagem", disse. Inspirado em filmes como Abril Despedaçado e Cinema, Aspirinas e Urubus, o cenário teve grande participação de Cláudia Ohana.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Picape feita de 35 mil carrinhos é destaque no Salão do Automóvel


Réplica do modelo L200 Triton é inspirada em uma campanha publicitária.
A invenção do artista plástico Edu Cordeiro levou 50 dias para ficar pronta.
Gabriella Sandoval
Do G1, em São Paulo
Uma picape composta por nada menos do que 35 mil carrinhos promete atrair os olhares dos visitantes que passarem pelo estande da Mitsubishi no Salão do Automóvel de São Paulo, que abriu nesta segunda-feira (27) para a imprensa e estará aberta para o público a partir de quinta-feira (30) até o dia 9 de novembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi.
Confeccionada para o evento, a réplica do modelo L200 Triton é inspirada em uma campanha publicitária criada no ano passado, quando a picape foi lançada.
A invenção do artista plástico Edu Cordeiro levou 50 dias para ficar pronta. “Tiramos o molde do carro e fomos fazendo a colagem. Atrás dos carrinhos há uma estrutura de plástico e ferro”, explica Edu. Ele contou com a ajuda de outras seis pessoas para concluir a obra, que deve ter deixado muitos baixinhos desfalcados nesse Dia das Crianças.

sábado, outubro 25, 2008

Macacos, porcos e doninhas também eram pets na Idade Média


Tradição de manter bichos em casa se espalhou nos séculos XVII e XVIII. Esses animais eram, além de companhia, fonte de alimento e de dinheiro.
Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo
Na Idade Média, o valor dos animais e o tratamento dado a eles eram bem diferentes dos dos dias atuais. Mas o conceito de bicho de estimação já existia e era mais, digamos, abrangente que o de hoje.
Não era raro ver em uma casa medieval um macaco, uma doninha, uma ovelha ou um porco. Esses animais eram, além de companhia, fonte de alimento e de dinheiro, pois podiam ser trocados ou vendidos.
"Quando uma criança se comportava bem, ela geralmente ganhava uma ovelha de presente dos pais", explicou ao G1, por telefone, Barbara Hanawalt, especialista em história medieval e professora da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos. Segundo ela, além dos cachorros, que eram muito comuns nas casas, as famílias mantinham esquilos, papagaios, ovelhas e macacos.
Os gatos não eram tidos como animais de estimação, mas sim de trabalho. Seu papel era espantar os ratos das redondezas das casas.
Os camponeses geralmente davam a comida que eles próprios comiam para os bichos, que ficavam dentro das casas, em locais reservados para eles. Uma prática comum era levar animais às igrejas.
Segundo a professora de literatura inglesa da Universidade da California e autora do recém-lançado "For the Love of Animals: The Rise of the Animal Protection Movement", Kathryn Shevelow, em entrevista ao G1 por e-mail, o costume de manter animais em casa se espalhou pela Europa entre os séculos XVII e XVIII. "Mas a aristocracia já mantinha uma longa tradição de animais de estimação, pois podia pagar."
Valor
Os animais eram muito valiosos na Idade Média. "Entre os camponeses, eles significavam um instrumento de trabalho, e entre as classes altas, um artigo de luxo", explica Hanawalt.
Segundo ela, hoje nós temos mais pets que nos servem de companhia do que na Idade Média e nós provavelmente damos mais características humanas aos animais. "Mas eles conheciam mais intimamente os animais, porque viviam mais com eles."

Miniatura de carro com diamantes é avaliada em US$ 140 mil



Hot Wheels Califórnia recebeu pedras de 23 quilates; o carro customizado será leiloado em Los Angeles (EUA)

Da Reuters

Um carrinho Mattel Hot Wheels customizado com diamantes de quase 23 quilates será leiloado em Los Angeles, nos Estados Unidos. O 'clássico Califórnia' está avaliado em US$ 140 mil (Foto: Fred Prouser/Reuters)

sexta-feira, outubro 24, 2008

Debate esquenta reta final da campanha em São Luís


SÃO LUÍS - O debate entre os dois candidatos a prefeito marcou a reta final da campanha em São Luís. João Castelo (PSDB) e Flávio DIno (PCdoB) estiveram frente a frente, nesta sexta-feira à noite, no estúdio da TV Mirante. O debate foi mediado pelo jornalista Tonico Ferreira, da Rede Globo de Televisão.
Primeiro bloco
O primeiro bloco do debate entre os dois candidatos a prefeito de São Luís foi marcado pela troca de acusações entreFlávio Dino (PC do B) e João Castelo (PSDB).
Por sorteio, João Castelo iniciou o embate perguntando a Flávio Dino sobre a área social (Bolsa Família). Segundo o candidato do PC do B, o partido sempre apoiou o programa do governo federal. "Ao contrário do seu partido, nós sempre apoiamos o programa", disse. João Castelo respondeu, afirmando que também éfavorável ao Bolsa Família".
Na sua primeira pergunta, Flávio Dino indagou João Castelo sobre o modelo de administração que o candidato do PSDB pretende seguir, fazendo alusão à EMAP, recentemente administrada por João Castelo: "A Emap estava deteriorada, nós sanamos os problemas". O candidato do PC do B replicou, dizendo que Castelo praticou nepotismo e compras sem licitação: "Você empregou várias pessoas quando administrou a Emap".
Na sua última pergunta do primeiro bloco, João Castelo questionou Flávio Dino sobre as propostas para a área da educação. Flávio respondeu: "Vamos melhorar e adaptar as escolas e, ao contrário do senhor (João Castelo), entendo que escola é lugar de aprendizado e não para alimentação." Castelo rebateu, dizendo que pretende melhorar a alimentação nas escolas para estimular as crianças.
No fim do bloco, Flávio perguntou para Castelo se ele acreditava que era importante um candidato possuir ficha limpa. O candidato do PSDB disse que era importante e Flávio Dino replicou criticando o candidato do PSDB: "O senhor responde por vários processos na Justiça".
Segundo bloco
Educação, saúde, limpeza pública, trânsito, foram os temas sorteados pelo mediador Tonico Ferreira para o segundo bloco do Debate.
O primeiro a perguntar foi o candidato Flávio Dino (PCdoB), que questionou o adversário sobre as propostas que ele tem para a Educação. Castelo reforçou as propostas apresentadas no horário eleitoral, entre elas as de oferecer leite, fardamento completo e aulas de reforço para os estudantes e capacitação para os professores. Afirmou também que fará uma escola em cada bairro. Flávio Dino retrucou afirmando que o adversário estaria confundido ‘escola com restaurante’.
A prática do nepotismo também foi lembrada pelos candidatos. Flávio Dino acusou o candidato João Castelo de ter empregado vários parentes na Empresa Maranhense de Administração Portuária – Emap quando foi presidente. Castelo devolveu a acusação afirmando que Dino teria emplacado o irmão como secretário de governo na administração de José Reinaldo. Outro tema polêmico e que gerou troca de acusações entre os candidatos foram os pedidos de impugnação da candidatura do Tucano. Castelo afirmou que Dino teria impugnado sua candidatura, o que foi contestado pelo Comunista. ‘Quem impugnou sua candidatura foi Raimundo Cutrim e Clodomir Paz’.
Ao falar sobre o tema Saúde, os dois candidatos afirmaram que vão construir hospitais e expandir a rede municipal de saúde. A polêmica nesse tema foi com relação à paternidade do hospital Socorrão I. Castelo afirma que foi ele quem construiu o hospital. ‘Esse hospital foi construído por mim há 28 anos e até hoje é o principal hospital de urgência e emergência de São Luís’. Dino afirmou que o Socorrão I foi construído pela Cruz Vermelha. ‘O Socorrão I foi construído pela Cruz Vermelha e até onde eu sei o senhor nunca integrou essa entidade’.
Ao falar sobre limpeza pública, os dois colocaram a importância de implantar a coleta seletiva do lixo, programas de reciclagem que gerem emprego e renda.
Sobre o trânsito, os candidatos afirmaram que vão investir em novas avenidas para desafogar o trânsito e melhorar o transporte coletivo.
Terceiro bloco
O terceiro bloco do embate seguiu o tom dos anteriores: os candidatos comentavam sobre as propostas e criticavam o adversário. O saneamento básico foi o tema da pergunta inicial do candidato João Castelo para Flávio Dino. O candidato do PCdoB afirmou: "Iremos acabar com o esgoto a céu aberto, iremos cobrar a ação da Caema e também fazermos o PAC São Luís". Castelo replicou: "Vamos dialogar com a Caema e trabalharmos de forma conjunta. Vamos implantar redes de esgoto em toda a cidade". Outro ponto destacado foi a refinaria. Flávio Dino perguntou quais as propostas de João Castelo para ela. O candidato do PSDB falou que pretende estimular a qualificação dos trabalhadores. Flávio replicou: "Iremos dar condições para que a refinaria se instale. Vamos também trabalhar para qualificar os trabalhadores".
Quarto bloco
No quarto bloco do debate, foram abordados pelos candidatos os temas segurança pública, habitação, emprego e renda e o funcionalismo público.
O bloco começou polêmico. Flávio Dino perguntou sobre a proposta feita pelo adversário de tirar a Guarda Municipal do trânsito de São Luís. Castelo afirmou que vai retirar a Guarda Municipal do trânsito para colocar na porta das escolas. ‘Os estudantes precisam de segurança na porta das escolas. Nós vamos retirar a Guarda das ruas e deixar o pessoal especializado cuidando disso’.
Dino rebateu afirmando que o tucano desconhecia o papel da Guarda Municipal. "A Guarda Municipal não cuida do trânsito, essa não é a sua função. Nós vamos reforçar a Guarda". Quando o tema foi habitação, os dois candidatos aproveitaram a oportunidade para falar sobre suas propostas para a área. Os dois prometeram construir mais habitações e melhorar as que já existem. "Vamos continuar a fazer o que já está sendo feito às margens do Rio Anil, que é melhorar as condições de moradia com o apoio do Governo Lula", afirmou Flávio Dino. "Nós vamos implantar o ‘Palafita Zero’. Ele será uma grande obra do meu governo", afirmou Castelo.
Mas a grande polêmica desse bloco do debate ficou por conta do tema emprego e renda. Flávio acusou Castelo de defender a oferta de empregos, mas de não ter isso como prática política. "O senhor diz que vai oferecer mais emprego. No entanto, demitiu os funcionários das suas empresas e até hoje muitos trabalhadores nunca receberam o dinheiro das indenizações", atacou Dino.
Castelo se defendeu garantindo que vai apresentar provas de que não deve a nenhum funcionário. "Eu vou mostrar que não tenho nenhum processo na Justiça do Trabalho. Vou entregar essas certidões para a imprensa tomar conhecimento", garantiu Castelo. O último tema do quarto bloco foi o funcionalismo público. Os dois candidatos afirmaram que vão fazer concursos públicos e garantir melhores condições de trabalho.
Quinto bloco
No último bloco, os candidatos tiveram dois minutos para fazer suas considerações finais. Por sorteio, João Castelo foi o primeiro a falar. Agradeceu a familiares, companheiros de partido, militantes e disse: "Quero ser prefeito porque amo essa cidade. Quero estimular o turismo, acabar com o esgoto a céu aberto e fazer a alegria desse povo". Já Flávio Dino também agradecedeu a todos que participaram da campanha e acreditaram na candidatura e finalizou: "Não vou desperdiçar essa chance, não vou decepcionar, quero novamente agradecer, este é um momento inesquecível".

Imirante

quinta-feira, outubro 23, 2008

Detido pela oitava vez por furto, garoto vai para a Fundação Casa

Outros furtos ocorreram quando ele tinha 11 anos e não podia ser detido.
Polícia o seguiu após menino fazer manobra brusca na Zona Sul

Do G1, em São Paulo

Um garoto de 12 anos foi detido na tarde desta quinta-feira (23) por dirigir um carro furtado. Segundo a polícia, ele é o mesmo menino que, aos 11 anos, somava sete boletins de ocorrência por furto, roubo e ameaça. O garoto virou notícia em agosto deste ano, justamente por estar dirigindo um carro roubado.
Segundo a polícia, o garoto dirigia pela Avenida Nossa Senhora do Sabará quando fez uma manobra brusca. O carro da polícia se aproximou e o menino tentou fugir, batendo o carro na porta de uma garagem.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Justiça dos EUA arquiva processo contra Deus por não saber endereço de réu

Como não foi possível notificar o Criador, juiz decidiu encerrar processo.
Senador alega que Deus é onisciente e deve ser julgado por 'crimes'

Do G1, com informações da Associated Press

A Justiça de Nebraska, nos Estados Unidos, decidiu arquivar nesta quarta-feira o processo que um senador movia contra Deus. O juiz Marlon Polk, da corte distrital do condado de Douglas, disse que como o senador Ernie Chambers não informou no processo o endereço do réu, a Justiça não teria como notificar Deus.

No processo, Chambers acusa Deus de gerar medo e de ser responsável por milhões de mortes e destruições pelo mundo. Segundo ele, Deus gerou “inundações, furacões horríveis e terríveis tornados”.

Chambers comentou que Deus fez ameaças terroristas contra ele e seus eleitores. Conforme o senador, ele abriu o processo em Douglas porque Deus está em todas as partes.

"Como a corte não tem condições de notificar Deus, é preciso arquivar o processo", afirmou o juiz Marlon Polk em sua decisão.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Em blog, Krugman diz que vencer Nobel foi 'engraçado'

Comentário foi feito no blog do economista no 'The New York Times'.
Prêmio será entregue em 10 de dezembro, e valor é de US$ 1,4 milhão

Do G1, em São Paulo

"Uma coisa engraçada aconteceu comigo nesta manhã", escreveu em seu blog o pesquisador norte-americano Paul Krugman, referindo-se ao Prêmio Nobel de Ciências Econômicas que foi atribuído a ele nesta segunda-feira (13).

A frase foi a única com a qual o economista comentou o acontecimento em seu blog no site do jornal "The New York Times", no qual mantém uma coluna. A afirmação é seguida apenas de um link que remete o internauta à página oficial do prêmio.

A Real Academia de Ciências da Suécia anunciou ter anunciado o prêmio a Krugman por sua análise dos padrões do comércio e a respeito da localização da atividade econômica. O prêmio, de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão), vai ser entregue em 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel.

sábado, outubro 11, 2008

Samba, feijoada e disco comemoram os 100 anos de Cartola


Clássico do samba e fundador da Mangueira, centenário é neste sábado. Nomes como Beth Carvalho, Alcione e Elba Ramalho participam de show


Alícia Uchôa

Do G1, no Rio


Cartola não foi um sonho que a gente teve, como costuma dizer Nelson Sargento. O bamba, que completaria 100 anos neste sábado (11), será homenageado pela Mangueira da maneira que ele mais gostava: com samba.




A alvorada lá no morro começa às 7h, no Centro Cultural Cartola, com o rufar de tambores das principais escolas de samba anunciando o que virá a seguir: às 14h, tradicional feijoada mangueirense, na quadra da escola (Rua Visconde de Niterói, 1072 - Mangueira), com apresentação musical do veterano Nelson Sargento, e às 18h, missa de ação de graças.


Na segunda-feira (13) o show “Cartola Eterno” reúne no Canecão nomes como Alcione, Beth Carvalho, Emílio Santiago, Nelson Sargento, Elba Ramalho, Maria Rita, Sandra de Sá e Rosemary. Além, claro, da velha guarda da Mangueira.


Cartola por e para todos


"Ele é tão importante para o samba quanto para a MPB. Não apenas pela obra valiosa, mas também porque foi um dos fundadores da Estação Primeira. Foi ele que deu as cores para a Mangueira. Suas músicas continuam vivendo através das vozes de artistas das mais variadas gerações. É atemporal", derrete-se Alcione.


"O cartola era um gênio, um grande poeta que tinha uma marca única em suas músicas", define Beth Carvalho, que lembra ter tido uma relação de pai e filha com o sambista.


“O Cartola faz parte de um grupo de compositores de alma feminina”, completa Rosemary, que gravou o músico em seu último disco “Mulheres da Mangueira”.


Cartola para todos
Aproveitando o ensejo, o produtor musical Alvaro Fernando lança no mesmo sábado o disco “Cartola Para Todos”, resultado de 10 anos de gravações com 36 artistas diferentes. "Quem dera Cartola pudesse ouvir o CD...", diz ele, que reuniu músicos como Paulo Moura, Marco Suzano e Wanda Sá.
Breve biografia
Nascido em 1908, Cartola foi para a Mangueira aos 11. Desde então passou a participar das festas de rua tocando cavaquinho.

Ao longo da vida, além de músico, trabalhou em tipografias, foi pedreiro, vigia e lavador de carros. Já consagrado, abriu com a mulher, Dona Zica, o restaurante Zicartola, que se tornou uma referência na história do samba.

O apelido Cartola veio do chapéu de coco que ele usava na época em que era pedreiro, para evitar que o cimento caísse sobre sua cabeça. Cartola morreu de câncer, em 1980.

Morre Chicão, ex-jogador do São Paulo e da Seleção


Destaque do São Paulo nos anos 70 e um dos líderes na conquista do Campeonato Brasileiro de 1977 pelo clube, o ex-jogador Francisco Jesuino Avanzi, conhecido como Chicão, morreu na madrugada desta quarta-feira, aos 59 anos, vítima de câncer. A informação foi divulgada pelo site oficial do time tricolor.
Conhecido pela raça e dedicação dentro de campo, Chicão defendeu a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1978, na Argentina. O corpo dele será velado nesta quarta, na Câmara Municipal de Piracicaba, sua cidade natal. O enterro será realizado amanhã.
O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, já decretou luto oficial em decorrência da morte do ex-jogador. Pelo clube, Chicão disputou 312 jogos entre 1973 e 1979 e assinalou 19 gols.
Além do time tricolor, o ex-volante atuou também por União Barbarense, XV de Piracicaba, São Bento, Ponte Preta, Atlético-MG, Santos, Londrina e Mogi-Mirim.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Ganhador do Nobel da Paz tem doçura e firmeza do bom diplomata, diz analista

Alain Délétroz trabalhou com Martti Ahtisaari, premiado nesta sexta-feira. Para o analista, melhor trabalho do finlandês foi como mediador em Kosovo

Giovana Sanchez Do G1, em São Paulo

Martti Ahtisaari é um ótimo negociador. Tem uma paciência única e sempre ouve todos antes de se pronunciar. Tem a fala doce, mas firme, como um bom diplomata." É assim que o analista Alain Délétroz, da organização International Crisis Group, define o ganhador do Nobel da Paz deste ano, o ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari.

Em entrevista ao G1, por telefone, Délétroz disse que ficou muito satisfeito com a premiação. Ahtisaari foi presidente da instituição entre os anos de 2000 a 2004.

Segundo Délétroz, foi uma época difícil, pois a invasão norte-americana ao Iraque dividiu opiniões no grupo. "Além do baixo orçamento que tínhamos na época, trabalhávamos com uma situação de crise, com divergências internas. Ahtisaari soube balancear a situação, ouvir os dois lados e colocá-los em conformidade", disse o analista.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Trecho do livro 'O africano', do vencedor do Nobel


Escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio venceu o Nobel. Anúncio foi feito nesta quinta-feira pela academia sueca

Do G1, em São Paulo

Confira, abaixo, trecho do livro "O africano", do escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, vencedor do prêmio Nobel. A obra foi lançada no Brasil pela editora Cosac Naify.

É à África que quero incessantemente voltar, à minha memória de criança. À fonte de meus sentimentos e de minhas determinações. O mundo muda, é certo, e aquele que lá está, em pé no meio do alto capinzal da planície, no sopro quente do vento que traz os cheiros da savana, o rumor penetrante da floresta, sentindo nos lábios a umidade das nuvens e do céu, aquele lá está tão longe de mim que não há história ou viagem que me permita alcançá-lo.
Às vezes, no entanto, vou andando ao acaso pelas ruas de uma cidade e, bruscamente, ao passar por uma porta, na parte baixa de um imóvel em construção, aspiro aquele cheiro frio de cimento recém-moldado e eis que estou na choupana de passagem de Abakaliki, eis que entro no cubo sombrio de meu quarto e vejo atrás da porta o grande calango azul que nossa gata estrangulou e me trouxe como um sinal de boas-vindas. Ou então, quando menos espero, sou invadido pelo perfume de terra molhada do nosso quintal em Ogoja, quando a chuva de monção rola pelo telhado da casa para ir zebrar riachinhos cor de sangue no solo todo fendido. Chego até a escutar, por cima da vibração dos carros engarrafados numa avenida, a música contundente e doce do rio Aiya.
Ouço as vozes das crianças que gritam, que me chamam, que estão diante da cerca-viva, na entrada do quintal, e trouxeram suas pedrinhas e suas vértebras de carneiro para brincar, para levar-me com elas à caça às cobras. Depois do almoço, finda a aula de aritmética com minha mãe, vou me instalar na varanda cimentada, diante do forno do céu branco, para fazer deuses de barro e pô-los para secar ao sol. Lembro-me de cada um deles, de seus nomes, de seus braços erguidos, de suas máscaras. Alasi, o deus do trovão, Ngu, Eke-Ifite, a deusa-mãe, Agwu, o malicioso. Mas eles são mais numerosos ainda, todo dia eu invento um nome novo, eles são meus chis, meus espíritos que me protegem e vão interceder por mim junto a Deus.
Vou olhar a febre subindo no céu crepuscular, os relâmpagos em silenciosa corrida por entre o cinza das escamas das nuvens aureoladas de fogo. Quando a noite estiver negra, escutarei pouco a pouco os passos do trovão, a onda que faz minha rede balançar e apaga a chama do meu lampião. Escutarei a voz de minha mãe, que conta os segundos que nos separam do impacto do raio e calcula a distância à razão de trezentos e trinta e três metros por segundo. Enfim o vento da chuva, muito frio, que avança com toda a força pelo alto das árvores; ouço cada galho que geme e quebra, o ar do quarto fica cheio da poeira que a água levanta ao bater na terra.
Tudo isso tão distante, tão próximo. Uma simples divisória, fina como um espelho, separa o mundo de ontem do meu mundo de hoje. Não falo de nostalgia. Tal impressão de desamparo nunca me causou nenhum prazer. Falo de substância, de sensações, da parte mais lógica de minha vida.
Alguma coisa me foi dada, alguma coisa me foi tomada de novo. O que está definitivamente ausente de minha infância: ter tido um pai, ter crescido junto dele na doçura da intimidade familiar. Sei que isso me fez falta, sem pesar, sem ilusão extraordinária. Quando um homem, dia após dia, olha a luz modificar-se no rosto da mulher que ele ama, quando espia cada brilho furtivo no olhar de seu filho. Tudo isso que um retrato, uma foto, sejam eles quais forem, nunca poderão captar.
Não quero falar de exotismo, esse vício ao qual as crianças são de todo alheias. Não porque vejam através dos seres e das coisas, mas justamente por verem tão-somente isso: uma árvore, um buraco na terra, uma coluna de formigas-carpinteiras, um bando de moleques levados em busca de uma brincadeira, um velhote de olhos baços que estica a mão descarnada, uma rua de uma aldeia africana, quando é dia de feira, eram todas as ruas de todas as aldeias, todos os velhos, todas as crianças, todas as árvores e todas as formigas. Esse tesouro está sempre vivo em meu íntimo, não pode ser extirpado. Muito mais que de simples lembranças, ele é feito de certezas.
Se eu não tivesse tido esse conhecimento carnal da África, se não houvesse recebido essa herança de minha vida antes de meu nascimento, em que teria me tornado? Hoje, existo, viajo, criei por minha vez uma família, enraizei-me em outros lugares. Contudo, a cada instante, como uma substância etérea que circula entre as divisórias do real, sou traspassado pelo tempo de outrora, em Ogoja. E isso, em súbitos impulsos, me submerge e atordoa. Não somente essa memória de criança, extraordinariamente precisa quanto a todas as sensações, os odores, os sabores, a impressão de relevo ou de vazio, o sentimento da duração.
É escrevendo que agora o compreendo. Essa memória não é somente a minha. É também a memória do tempo anterior ao meu nascimento, quando meu pai e minha mãe andavam juntos pelas estradas do planalto, nos reinos do oeste de Camarões. A memória das esperanças e angústias de meu pai, de sua solidão, seu abatimento em Ogoja. A memória dos momentos de felicidade, quando eles dois estavam unidos pelo amor que acreditavam ser eterno. Iam então pela liberdade dos caminhos, e os nomes dos lugares adentraram-se em mim como nomes de família, Bali, Nkom, Bamenda, Banso, Nkong-samba, Revi, Kwaja. E os nomes das terras, Mbembé, Kaka, Nsungli, Bum, Fungom. As chapadas por onde avança lentamente o rebanho de animais com chifres de lua para enganchar nas nuvens, entre Lassim e Ngonzin.
Afinal de contas, talvez meu velho sonho não me tenha enganado. Se meu pai se tornou o Africano, por força de seu destino, eu, quanto a mim, posso pensar em minha mãe africana, aquela que me beijou e nutriu no instante no qual fui concebido, no instante em que eu nasci."


quarta-feira, outubro 08, 2008

Quadrinhos contam biografias de Obama e McCain

REUTERS

LOS ANGELES - As histórias das vidas dos candidatos presidenciais americanos John McCain e Barack Obama chegam às bancas e livrarias americanas na quarta-feira -- e a empresa responsável pelas biografias ilustradas espera que muitos adultos as comprem.
A editora IDW Publishing, de San Diego, disse que produziu as biografias em quadrinhos dos dois candidatos para capitalizar em cima da eleição. As duas serão vendidas separadamente em lojas de HQs e juntas, em edição encadernada, em livrarias.
No gibi de McCain, o candidato presidencial republicano é mostrado sendo espancado por seus captores num campo de prisioneiros de guerra no Vietnã. Obama, o candidato democrata, é retratado como organizador comunitário, sentado em volta de uma mesa de cozinha com moradores de Chicago, ouvindo-os.
- É uma grande curtição para mim fazer algo tão fora do comum em termos de quadrinhos - disse Scott Dunbier, editor de projetos especiais da IDW.
Dunbier disse que passou a apreciar mais os dois candidatos depois de pesquisar dados para suas biografias.
- Os dois têm histórias muito instigantes - disse ele.
A editora procurou se manter neutra no trabalho de relatar as histórias de vida dos dois senadores.
As capas das duas publicações mostram os candidatos em pé diante de uma bandeira americana. McCain sorri, voltado à direita, enquanto Obama olha para a esquerda com expressão estóica.
Cada revista tem 28 páginas. Elas foram baseadas em matérias publicadas pela imprensa, Web sites oficiais e livros dos próprios candidatos.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Asteróide deve colidir com a Terra na noite desta segunda-feira

Objeto tem apenas um a cinco metros de diâmetro e não oferece riscos.
É a primeira vez que os cientistas conseguem prever uma colisão.

Salvador Nogueira
Do G1, em São Paulo

Quando todos acham que o mundo parece estar para acabar, vem a notícia: um pequeno asteróide, descoberto há poucas horas por um observatório do Arizona (EUA), deve colidir com a Terra às 23h46 desta segunda-feira (6). Mas, a despeito de quaisquer temores, não há perigo algum, segundo os astrônomos. Ele é dos pequeninos e deverá queimar por inteiro na atmosfera.
O objeto tem entre um e cinco metros de diâmetro e deve queimar completamente a alturas bem superiores às que os aviões costumam usar para transitar pelo mundo. Uma bola de fogo brilhante deve ser o único resultado observável.
"Queremos salientar que esse objeto não é uma ameaça", disse, em nota, Timothy Spahr, diretor do Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional. "Estamos empolgados porque esta é a primeira vez que passamos a previsão de que um objeto entrará na atmosfera da Terra."
As chances estão entre 99,8% e 100% de que o objeto colidirá com nosso planeta, segundo cálculos de Andrea Milani, da Universidade de Pisa.
O meteoro deve ser visível do leste africano, e a expectativa é a de um grande show -- uma bola muito brilhante cruzando rapidamente o céu, de nordeste para sudoeste. O objeto deve adentrar a atmosfera sobre o norte do Sudão, numa diagonal suave, com relação à superfície.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Sai esse mês o 1º romance de Amores Expressos

Sai do forno, esse mês, o primeiro livro da coleção Amores Expressos - o projeto criado pelo produtor Rodrigo Teixeira, polêmico por ter levado dezessete escritores brasileiros, cada um para uma cidade do mundo – Cairo, Lisboa, Bombaim, Paris, Sydney, Havana, entre outras, para escrever uma história de amor. “Investi do bolso, levei quem eu quis”. Ponto pacífico.
Um deles foi Daniel Galera, gaúcho, 29 anos, que foi para Buenos Aires, e agora, quem lança sua prosa ficcional, “Cordilheira”, pela Companhia das Letras. O Repique conversa com o autor para saber mais:
Conta um pouco sobre o seu novo livro, o “Cordilheira”.
"Cordilheira" é um romance protagonizado por uma moça de 27 anoschamada Anita. Ela vai a Buenos Aires lançar a tradução argentina deseu livro e decide ficar um tempo lá para fugir da vida em São Paulo,recentemente marcada por uma separação, pelo suicídio de uma amiga e por um desejo de ser mãe que é mal-recebido por todos que a cercam.Logo ela começa a ser abordada por um leitor e se envolve com ele ecom seus estranhos amigos. O livro é quase todo narrado em primeirapessoa por Anita.
O que mais te inspirou em Buenos Aires?
Eu não diria que Buenos Aires me inspirou muito. Minha relação com a cidade foi mais instrumental. Eu já tinha uma idéia e usei Buenos Aires como cenário, como fonte de cor e detalhes para uma história que já vinha desenvolvendo na cabeça havia algum tempo. Não foi a viagemque me ofereceu a idéia, mas ela foi essencial como exílio e referência para que eu desenvolvesse a trama e os personagens.
No que evoluiu esse romance de outros seus?
É um livro bem diferente dos outros que já publiquei, não apenas pelascaracterísticas da narradora, mas por ter um estilo mais solto que o "Mãos de Cavalo", por exemplo, e se permitir algumas brincadeiras ereferências metaliterárias - apesar de ser uma história triste, foi umlivro que me diverti fazendo.
Como é seu processo criativo?
Não existe padrão. O "Até o dia em que o cão morreu" eu escrevi nuns quatro meses, e tive a idéia pouco tempo antes de começar. O "Mãos deCavalo" levou dois anos para ser escrito e foi pensado por no mínimoum ano antes disso, mas ele tem algumas idéias, personagens e cenasque lembro de carregar na imaginação desde meus oito ou dez anos deidade, em alguns casos. É resultado de um longo período de idéiasacumuladas. O "Cordilheira" partiu de uma idéia que tive logo depois de publicar o "Mãos", em 2006, e quando fui a Buenos Aires já na mente tinha o esboço inicial do que o romance seria. Quando começo a escrever um romance, em geral já tenho uma boa idéia do que se trata, ainda que muita coisa mude radicalmente no decorrer do processo. Em geral faço três ou quatro versões do livro antes de chegar na final, contando com a opinião de alguns leitores de confiança e dos editores nessa última etapa.
É seu primeiro romance com o personagem central feminino? Como foi se colocar nesse viés?
Já tinha escrito alguns contos com mulheres como narradoras, e emgeral tive boa recepção nesses casos. Fazer um romance narrado por uma mulher foi um desafio bem maior. No início travei um pouco, pois fiquei preocupado demais em manter a autenticidade a qualquer custo, mas logo percebi que era um engano. Em primeiro lugar, porque seria ridículo supor que um homem pode escrever como uma mulher. Em segundo, porque no fundo, em termos literários, não há diferença tão abismal entre uma voz masculina e uma feminina. É só questão de conseguir se colocar um pouco no lugar da personagem, coisa que também se precisa fazer com um narrador masculino. Quando optei por essa abordagem mais solta, o livro fluiu. Para mim, escrever bem está diretamente vinculado a ser capaz de se colocar no lugar dos outros, homens ou mulheres, e este é um exercício ao qual me sinto condenado desde sempre.
Por que você está morando em Santa Catarina?
Eu queria poder nadar no mar todo dia.
Você traduz escritores ingleses. Quais são seus prediletos?
Traduzo autores de língua inglesa em geral. Dos que traduzi, minhafavorita talvez seja a Zadie Smith, e também o Irvine Welsh (que traduzi em dupla com Daniel Pellizzari) e o Robert Crumb. A Zadie escreve romanções à moda antiga com temática contemporânea, retrato danova sociedade multiétnica dos EUA e Inglaterra, com todo o sincretismo cultural etc. Costuma se dar bem, é muito talentosa.Traduzi o "Sobre a beleza", mas o livro dela que mais gosto é "O caçador de autógrafos", justamente o que foi mais malhado pela crítica mundial. Agora estou traduzindo por passatempo um romance do Cormac McCarthy que nenhuma editora quer publicar, o "Suttree". Faço uma página por dia. Em dois ou três anos devo terminar uma primeira versão da tradução.
Você acha a Língua Inglesa mais bem resolvida que a Língua Portuguesa?
Só prefiro o inglês na música, por uma questão rítmica. Pra me xpressar, o português dá e sobra.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Jeder für sich und Gott gegen alle

Jeder für sich und Gott gegen alle (br: O enigma de Kaspar Hauser) é um dos mais celebrados filmes do diretor Werner Herzog. O trabalho, cujo título significa, em tradução literal, "cada um por si e Deus contra todos", narra a história de Kaspar Hauser, uma criança abandonada envolta em mistério, encontrada na Alemanha do século XIX, com alegadas ligações à família real de Baden.
O filme inicia mostrando um jovem acorrentado em um porão, alimentado por um homem misterioso. O prisioneiro brinca com um cavalo de madeira, e o nome do objeto é a única palavra que pronuncia: cavalo. O homem quer que o jovem aprenda e escrever e lhe dá papel e tinta. O jovem aprende a escrever seu nome, Kaspar Hauser.
Depois, o misterioso homem retira Kaspar do porão durante a noite e o deixa numa cidade próxima, em 1828, com uma carta para o oficial da guarda. Perplexos com a figura, os moradores o deixam prisioneiro numa torre. O rapaz não é violento e se mostra inteligente, surgindo rumores de que ele pertença à nobreza. Durante dois anos, ele amplia seu vocabulário ensinado por uma família que o ajuda e por um padre. Ele aprende facilmente música, tricô e jardinagem, mas é um fracasso em compreender as convenções da época, principalmente às ligadas à sociedade, ciência e religião.

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER





Kaspar Hauser (provável 30 de Abril de 181217 de Dezembro de 1833 em Ansbach, Mittelfranken) foi uma criança abandonada, envolta em mistério, encontrada na praça Unschlittplatz em Nuremberg, Alemanha do século XIX, com alegadas ligações com a família real de Baden.


Hauser passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa cela, não tendo contato verbal com nenhuma outra pessoa, fato esse que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas as primeiras palavras, e com o seu posterior contato com a sociedade, ele pôde paulatinamente aprender a falar, da mesma maneira que uma criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, que Hauser não conseguisse diferenciar sonhos de realidade durante o período em que passou aprisionado.


Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas uma carta endereçada a um capitão da cidade, explicando parte de sua história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza.


Entre as idiossincracias originadas pelos seus anos de solidão, Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia sido alimentado basicamente por pão e água. Aprendeu a falar, a ler e a se comportar, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à época, como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito do cérebro notadamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe proporcionou avanços consideráveis no campo da música.


Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em dezembro de 1833, nos jardins do palácio de Ansbach. As circunstâncias e motivações ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros) oferecida pelo rei Luís I da Baviera.
A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e Deus contra todos"), de 1974, lançado no Brasil com o título "O Enigma de Kaspar Hauser".

sábado, setembro 27, 2008

Morre, aos 83 anos, o ator Paul Newman



SÃO PAULO - O ator norte-americano Paul Newman, de 83 anos, faleceu na sexta-feira nos Estados Unidos noticiou neste sábado (27) o jornal 'The Oregonian' e a agência de notícias Associated Press. O ator lutava contra um câncer de pulmão.

Na primeira semana de agosto, o jornal “The Daily Mail” divulgou que Newman teria poucas semanas de vida e pediu aos seus familiares para deixar o hospital e morrer em casa. O jornal citava como fonte um “amigo da família".

Newman tinha três filhas com Joanne Woodward, com quem foi casado por 40 anos, e outras duas de seu primeiro casamento com Jackie White. Há um mês, a imprensa noticiou que o ator teria pedido para sua filha mais velha, Nell, cuidar dos negócios da família.

Newman anunciou há pouco mais de um ano que estava se aposentando da carreira devido à sua idade. Ele atuou em cerca de 60 filmes. Ao todo, recebeu nove indicações ao Oscar, mas só levou a estatueta de melhor ator em 1986, pelo filme "A cor do dinheiro", no qual fez o mesmo papel pelo qual foi indicado ao prêmio em 1961, no filme "Desafio à corrupção".

Newman também dirigiu carros de corrida e criou uma linha de produtos alimentícios, a "Newman's Own", que tem seu nome e seu rosto nos rótulos - os lucros são integralmente doados para a caridade.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Frei Caneca

"Com uma pesada corrente de ferro no pescoço o prisioneiro ia andando devagar. Estava descalço, usava uma batina suja e rasgada, vigiado por soldados bem armados. Em direção ao porto, caminhava em silêncio. A Revolução Pernambucana tinha sido esmagada, mas a idéia de libertar a província do poder central estava cada vez mais viva."
O prisioneiro retratado acima foi Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca, mais conhecido como Frei Caneca, um dos mentores da Revolução Pernambucana. Preso em 1817, Frei Caneca foi levado para Salvador, onde cumpriu pena até 1821.
De família humilde, desde cedo demonstrando inteligência viva e grande força moral, Frei Caneca teve formação religiosa. Professou votos no convento do Carmo, em Pernambuco e tornou-se secretário do visitador da ordem. Freqüentou centros de estudos políticos de tendência liberal e participou do movimento revolucionário, pelo qual foi preso.
Ao ser libertado, de volta a Pernambuco, tornou-se professor de filosofia, geometria e retórica. Em meio a intensa atividade jornalística, fundou o jornal "Tifis Pernambucano", de oposição ao governo central conservador. Os temas políticos dominaram a carreira literária de Frei Caneca. Como escritor, ele assimilou os modelos do jornalismo panfletário e deu um tom pessoal às idéias dos filósofos franceses do Iluminismo, como Montesquieu e Rousseau.
Com a instauração da monarquia, por D. Pedro I, em 1822, preparava-se uma Constituição para reger o país. Em 1824 o Imperador dissolveu a Assembléia Constituinte, outorgando uma Constituição de perfil conservador, contra a qual se insurgiu o grupo de Caneca.
As lutas políticas que opunham o poder local ao Império tomavam vulto cada vez maior em Pernambuco. Dia 2 de julho de 1824, os líderes pernambucanos romperam definitivamente com o poder central. Anunciaram a formação de uma nova república - a Confederação do Equador - e pediram a adesão das outras províncias do Norte e Nordeste.
O movimento, no entanto, não obteve o apoio necessário. A adesão dos países estrangeiros, a princípio esperada, também não foi adiante. O movimento acabou sufocado, depois de muitas lutas sangrentas. Dia 29 de novembro de 1824, a coluna na qual lutava Frei Caneca foi cercada pelas tropas legalistas.
Frei Caneca, um dos maiores idealizadores e combatentes do movimento, foi condenado à forca. Foi preso e levado para um calabouço. No dia de Natal do mesmo ano, foi transferido de sua cela a uma sala incomunicável, para receber a sentença. Muito foi feito para que Caneca não fosse executado. Houve petições, manifestações de ordens religiosas, pedidos de clemência. Em vão.
Dia 13 de janeiro de 1825, o prisioneiro foi conduzido à forca. Na hora de chamar o carrasco, surgiu um problema. Não havia quem aceitasse enforcar Caneca. Castigos, sangue, pancadas. Nada, ninguém queria se prestar ao papel de carrasco. Por fim, resolveram trocar a forca pela execução por fuzilamento. Estava encerrada a carreira revolucionária de Frei Caneca. Seu corpo foi deixado num caixão de pinho em frente ao Convento das Carmelitas, de onde os padres o recolheram.

quarta-feira, setembro 24, 2008

E-mail deve ser extinto até 2015, diz especialista

Fernanda Ângelo

Em painel realizado nesta quarta-feira, durante o 17º Congresso Nacional de Auditoria de Sistemas, Segurança da Informação e Governança (CNSAI), evento que acontece na capital paulista, Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil, garante que os hábitos digitais da Geração Y devem levar ao fim do e-mail.
"Hoje, a média etária dos usuários de e-mail é de 47 anos", revela, acrescentando que, talvez, apenas essas pessoas, que formam a geração conhecida como Baby Boomers, nascidos após o fim da Primeira Guerra Mundial, continuarão a utilizar a ferramenta.
"O e-mail deixará de existir dentro de cinco a sete anos", profetiza Taurion. O motivo? A entrada da chamada Geração Y - constituída por jovens nascidos já na era da Internet - no mercado de trabalho.
Taurion explica que, com os jovens profissionais, chega também às empresas uma nova postura diante da Tecnologia da Informação (TI), que já é parte do dia-a-dia destes profissionais, na forma de ferramentas de colaboração como wikis, redes sociais, comunicadores instantâneos e grupos de trabalho online.
O executivo apresentou dados de uma pesquisa realizada em 2005 destacando que, já naquela época, apenas 6,3% dos jovens entrevistados consideravam inúteis as informações obtidas em blogs. "Significa que a credibilidade das novas ferramentas online é enorme", sinalizou. Na IBM, de acordo com Taurion, já há uma série de projetos em que os participantes não mais utilizam o e-mail.

terça-feira, setembro 23, 2008

ODE AOS TRABALHOS DE HÉRCULES

Alvarenga Peixoto

Tarde Juno zelosa
Vê Júpiter, o Deus onipotente,
Em Alcmena formosa
Ter Hércules; e tanto esta dor sente,
que, em desafogo à pena,
Trabalhos mil de Jove ao filho ordena.
Manda-lhe, enfurecidas,
Duas serpentes logo ao berço terno,
Criadas e nascidas
No infernal furor do estígio
Mas nada surte efeito,
Se um sangue onipotente anima o peito;
Nas mãos o forte infante
Despedaça as serpentes venenosas
E fica triunfante
Das ciladas mortais e furiosas,
Que Juno lhe ordenava
Quando ele a viver mal começava.
Cresce, e a cruel madrasta,
Que, sempre nos seus danos diligente,
A vida lhe contrasta,
Ou que viva em descansos não consente,
Faz com que, vagabundo,
Corra, sempre em trabalhos, todo o mundo.
Aqui lhe põe, irada,
De diversas cabeças a serpente,
Que em briga porfiada
Trabalha por troncar inutilmente:
Divide-as, mas que importa,
Se outras tantas lhe nascem quantas corta?
Enfim, por força e arte,
Este monstro cruel deixa vencido,
Que já em outra parte
Trabalhos lhe tem Juno apercebido,
Tais que eu não sei dizê-los,
Mas pode o peito de Hércules sofrê-los
Triunfando e vencendo,
Fazendo-se no mundo mais famosos,
A Terra toda enchendo
De seu heróico nome gloriosos,
No templo da Memória
Gravou o Non plus ultra a sua glória.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Rigor na imprecisão

Em A Volta do Parafuso, o inglês Henry James faz questão de não desvendar os personagens

Felipe Fortuna, de Londres

Pergunte a um estudante educado em língua inglesa como classifica a novela mais famosa de Henry James, A Volta do Parafuso (1898), e a resposta poderá ser "história de terror", ou "drama psicológico". Insista um pouco mais, e outras classificações poderão surgir: "alegoria vitoriana", "narrativa do recalque". A imprecisão é proposital: Henry James escreve com zelo, mas poucas vezes revela ao leitor os segredos que cada um dos personagens guarda. Sua narrativa, por isso, confunde e desvia a atenção, e quase sempre sonega informações, e força o leitor a se sentir parte de uma situação estranha e mesmo desconfortável. A jovem governanta, que narra a história passada no interior da Inglaterra e é personagem central da novela, pode ser considerada respeitosa e reprimida, ou ainda doentia e louca. Responsável pelo bom comportamento de um casal de crianças, Flora e Miles, ela admira a beleza e o talento de cada uma delas, ao mesmo tempo em que vê ameaças e pressente situações sobrenaturais. Um dos enigmas do livro consiste em saber, justamente, se a governanta é vítima de uma conspiração de fantasmas ou se ela de fato projeta seus desejos sexuais de modo alucinatório (assim, o escritor estaria criticando a moral vitoriana, que via em muitos empregados a possibilidade de desvios de conduta).
Obviamente, ninguém obteria de Henry James uma classificação tão precisa quanto a solicitada a um estudante educado em língua inglesa. Porém, alguns intérpretes começaram a divagar, tocados por teorias freudianas, sobre a possibilidade de a governanta de A Volta do Parafuso ser uma louca, ou pelo menos uma pessoa tomada pela esquizofrenia, e sexualmente reprimida. O ensaio que consolidou essa interpretação se intitula "A Ambigüidade de Henry James", de Edmund Wilson, publicado no livro The Triple Thinkers (1938). O crítico americano examina, como um detetive, as passagens em que a governanta vê os fantasmas e o modo como vai espalhando terror nas crianças. Da trama em que relata a aparição de duas aparições que, quando vivas, teriam tido um caso amoroso, Edmund Wilson comenta a incapacidade de a governanta abandonar seu emprego: "Ela agora está aparentemente apaixonada pelo menino".
A tradução de Chico Lopes, na edição bilíngüe, consegue transmitir as sentenças longas e repletas de minúcias. Tem ainda o mérito de restituir, em português, o título A Volta do Parafuso, e não A Outra Volta do Parafuso, como se lia na tradução de Leônidas de Carvalho e Brenno Silveira, que talvez assim pretendessem eliminar uma ridícula equivalência da palavra "volta" com a palavra "retorno" (talvez a melhor opção fosse A Torção do Parafuso). Seja como for, a nova edição corrige algumas imperfeições, como a de traduzir "a couple of very bad days" por "dois dias (...) muito maus", o que é uma solução bem inferior a "alguns dias muito difíceis", da atual edição. Com revisões assim, ganha o leitor, que só ficará assombrado com o enredo.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Jovens são mortos com 666 facadas

Oito jovens foram detidos acusados de matar com 666 punhaladas e comer parte dos corpos de quatro adolescentes em um aparente ritual satânico na Rússia, segundo informações divulgadas ontem pelo jornal britânico Times.
Os detidos têm entre 17 e 19 anos e, ao que parece, embriagaram suas vítimas antes de matá-las a punhaladas, assar pedaços de seus corpos em uma fogueira e comer algumas partes. O grupo estava desaparecido desde junho passado.
Os jovens assassinados, que tinham entre 16 e 17 anos, pertenciam ao movimento gótico e tinham dito a seus familiares que iriam a um festival de música. O grupo teria sido atraído para uma mata próxima à casa do líder satânico Nikolai Ogolobyak, onde foram mortos.
As vítimas foram mortas em dois momentos diferentes. A polícia acredita que, primeiro, foram assassinados Olga Pukhova e Anna Gorokhova, em 28 de junho. No dia seguinte, o grupo teria matado Varya Kuzmina e seu namorado, Andrei Sorokin.

Encontrado cemitério com mais de 2 mil anos na Índia


Cientistas descobriram nesta quarta-feira um cemitério construído há mais de dois mil anos na aldeia de Siruthavur, na Índia. Nas escavações foram encontradas 300 tumbas. As informações são da agência Reuters.

O cemitério é uma construção megalítica e foi encontrado em um sítio arqueológico cerca de 50 km da cidade de Chennai.

As construções megalíticas - formadas com grandes blocos de pedra - eram típicas das sociedades pré-históricas, principalmente as do período neolítico.

Os monumentos megalíticos tem, na maioria das vezes, objetivos religiosos e funerários.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Perguntas & Respostas

Reforma ortográfica

Com data marcada para entrar em vigor em 2009, a reforma ortográfica pretende fazer com que pouco mais de 210 milhões de pessoas em oito países que falam o português tenham a escrita unificada, conservando as variadas pronúncias. A proposta foi apresentada em 1990, mas era necessário que pelo três países ratificassem os termos da proposta, o que ocorreu somente em 2006. O Congresso brasileiro aprovou as mudanças em 1995. Saiba o que vai mudar no nosso idioma:

1. Quais as diferenças básicas da ortografia usada no Brasil e em Portugal?
Existem duas ortografias oficiais da língua portuguesa: a do Brasil e de Portugal. A norma portuguesa é a que serve de referência para o ensino de português em outros países. O vocabulário português contém palavras escritas com consoantes mudas, como Egipto e objecto. Em outras, como indemnizar e facto, as consoantes "a mais" são pronunciadas. Além disso, nas sílabas tônicas seguidas de m e n, o som é aberto. Por exemplo, a palavra econômico (escrita brasileira) é escrita e lida económico em Portugal.

2. Quantos e quais países falam português?
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é composta por oito países: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

3. A unificação pode trazer benefícios para a economia dos países que falam português?
Uma vez unificado, o português auxiliará a inserção dos países que falam a língua na comunidade das nações desenvolvidas, pois algumas publicações deixam de circular internacionalmente porque dependem de "versão". Um dos principais problemas que as novas regras vão acarretar, no entanto, será o custo da reimpressão de livros.

4. Por que é preciso padronizar o português?

O português, segundo estudos, é a quinta língua mais falada no mundo – cerca de 210 milhões de pessoas – e tem duas grafias oficiais, o que dificulta o estabelecimento da língua como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) . A ortografia-padrão facilitará o intercâmbio cultural entre os países que falam português. Livros, inclusive os científicos, e materiais didáticos poderão circular livremente entre os países, sem necessidade de revisão, como já acontece em países que falam espanhol. Além disso, haverá padronização do ensino de português ao redor do mundo.

5. O que é necessário para que ocorram mudanças na língua portuguesa?
É preciso que o projeto com as novas regras seja aprovado pelos oitos países da CPLP e que pelo menos três deles ratifiquem as mudanças em seu território. Assim que as novas regras forem incorporadas ao idioma, inicia-se o período de transição, no qual os materiais didáticos serão adequados às mudanças.

6. Quais foram as reformas na língua portuguesa anteriormente?
A mudança mais importante antes da aprovada em 1990 (e que vai vigorar a partir de 2009) foi a de 1971. Nesse acordo foi estipulada a eliminação do trema nos hiatos átonos, bem como a do acento circunflexo diferencial nas letras "e" e "o" da sílaba tônica das palavras homógrafas, de significados diferentes, mas com a mesma grafia, além da extinção do acento circunflexo e do grave em palavras terminadas com "mente" e "z". Com a reforma, êle passou a ser escrito ele, sómente, somente e bebêzinho, bebezinho.

7. O que elas mudaram de essencial na ortografia?
A mudança mais importante antes da aprovada em 1990 (e que vai vigorar a partir de 2009) foi a de 1971. Nesse acordo foi estipulada a eliminação do trema nos hiatos átonos, bem como a do acento circunflexo diferencial nas letras "e" e "o" da sílaba tônica das palavras homógrafas, de significados diferentes, mas com a mesma grafia, além da extinção do acento circunflexo e do grave em palavras terminadas com "mente" e "z". Com a reforma, êle passou a ser escrito ele, sómente, somente e bebêzinho, bebezinho.

8. O acordo para unificação foi proposto em 1990. Por que só foi aprovado agora?
A principal causa da demora é a relutância de alguns países, como Portugal, em ratificar o acordo. Até julho de 2004, era preciso que todos os países membros da CPLP ratificassem as novas normas. Um acordo feito nessa data estabeleceu que bastaria a ratificação por parte de três países. Em 1995, o Brasil efetivou sua ratificação, seguido de Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro. Portugal ainda precisa adaptar sua legislação às novas regras. Enquanto as mudanças afetarão 0,45% das palavras brasileiras, Portugal sofrerá alterações em 1,6% de seu vocabulário. Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever húmido e escreverão úmido, como os brasileiros.

9. As mudanças serão apenas gráficas ou vão alterar a pronúncia?
As mudanças serão apenas na ortografia, permanecem as pronúncias típicas de cada país.

10. Quais as mudanças na utilização do hífen?
O hífen será mantido nos substantivos compostos (arco-íris, guarda-chuva). Mantém-se nas palavras compostas: norte-americano, ano-luz. O sinal cai em compostos nos quais "se perdeu a noção de composição", como paraquedas e paraquedista. Na prefixação, existe hífen sempre antes de h. Se o prefixo termina por vogal e o elemento seguinte começa por r ou s, duplica-se a consoante. Se o prefixo termina por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento, existe hífen. Se as vogais finais e iniciais forem diferentes, não haverá hífen. Hiper, inter e super têm hífen antes de outro elemento iniciado por r. Circum e pan têm hífen antes de elemento iniciado por vogal, m, n e h. Ex e vice mantêm o hífen existente hoje.

11. Como fica a regra de acentuação?
Paroxítonas terminadas com duas letras "o" não mais terão acento circunflexo. Abençôo, vôo, enjôo passarão a ser escritos da seguinte forma: abençoo, voo, enjoo. O circunflexo também será extinto nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus decorrentes. A grafia correta será creem, deem, leem e veem. O trema desaparece por completo. As palavras linguiça e frequência estarão gramaticalmente corretas. Serão eliminados os acentos agudos nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como jibóia e idéia. Além disso, será eliminado o acento diferencial em pára (verbo) de para (preposição).

domingo, setembro 14, 2008

Vettel vence em Monza


O alemão Sebastian Vettel, nascido em julho de 1987, se tornou o piloto mais jovem a vencer uma prova de Fórmula 1 ao ganhar o Grande Prêmio da Itália, neste domingo. Com o sexto lugar, o brasileiro Felipe Massa fica a um ponto do líder, o inglês Lewis Hamilton, sétimo colocado no circuito de Monza.

Com este resultado, o britânico da McLaren mantém a liderança com 78 pontos. O piloto da Ferrari vem logo em seguida, com 77. O terceiro é o polonês Robert Kubica, da BMW, com 64 pontos. Companheiro de Massa na Ferarri, o finlandês Kimi Raikkonen, nono em Monza, tem 57. A próxima prova acontece em Cingapura, no próximo dia 28 de setembro.

A vitória na Itália coroa um final de semana histórico para Vettel e para a Toro Rosso. Depois de conquistar a primeira pole position de sua carreira e da própria equipe, ele repetiu o pioneirismo e garantiu a vitória inédita.

No pódio, ao lado de Heikki Kovalainen e Robert Kubica, Sebastian Vettel lembrou Michael Schumacher. Ao ouvir os hinos alemão e italiano, o jovem piloto repetiu os gestos do heptacampeão. Satisfeitos, os membros da Toro Rosso comemoravam.

sábado, setembro 13, 2008

Na chuva, Massa larga em sexto, Hamilton em 15º e Vettel, na pole



Do UOL Esporte

Em São Paulo

O alemão Sebastian Vettel, da Toro Rosso, cravou 1min37s555 no treino de classificação deste sábado e vai largar surpreendentemente na primeira colocação do GP da Itália de Fórmula 1, que acontece no domingo. O brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, sairá em sexto, com tempo de 1min38s894.

Massa, que pode assumir a liderança do Mundial de pilotos depois da prova de domingo no autódromo de Monza, teve a sorte de ver os principais rivais na luta pelo título ficarem distantes das primeiras colocações. Atual líder do Mundial de pilotos, o inglês Lewis Hamilton, da McLaren, não conseguiu nem se classificar para a superpole e vai largar em 15º, com 1min39s265.

Terceiro colocado na temporada, o polonês Robert Kubica sairá na 11ª colocação, depois de fazer 1min36s697 na segunda parte do treino. Companheiro de Massa na Ferrari, Kimi Räikkönen conseguiu apenas a 14ª colocação, ao marcar 1min37s522.

quarta-feira, setembro 10, 2008

LHC já está ligado, mas resultados só devem vir para valer em 2009


Superacelerador passa agora por fase de validação de todos os sistemas.Expectativa é ter 150 dias para colher dados de física no ano que vem.
Salvador Nogueira
Do G1, em São Paulo
O LHC começa a manipular e acelerar prótons hoje, mas os resultados científicos relevantes que o mundo espera não virão do dia para a noite. É certo que grandes descobertas terão de esperar, pelo menos, até 2009.
"Você ligar um acelerador desse porte não é como ligar um aparelho na tomada", explica Sérgio Novaes, físico da Unesp (Universidade Estadual Paulista) envolvido com o projeto internacional coordenado pelo Cern (Organização Européia para a Pesquisa Nuclear), na Suíça.
Tudo é um processo, que começou 20 anos atrás, no momento em que o LHC começou a ser projetado", diz o cientista. "Para que se tenha uma idéia, só para resfriar o túnel [por onde passam as partículas] levou dois meses."
O resfriamento é necessário porque o LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla inglesa) manipula os prótons por meio de imensos magnetos supercondutores, que exigem temperaturas baixíssimas para operar corretamente.

Mocidade abre temporada oficial de ensaios

JB Online

RIO - A Mocidade Independente de Padre Miguel realiza neste sábado, a partir de 22h, a abertura oficial de ensaios para o desfile de 2009. A agremiação fará uma apresentação com todos os seus segmentos: bateria "não existe mais quente" comandada por Mestre Jonas, o intérprete oficial, Wander Pires, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, baianas, destaques, a rainha Thatiana Pagung e a destaque de chão Miryam Martin.
O enredo da Mocidade para o carnaval 2009 é Mocidade Apresenta: Clube Literário – Machado de Assis e Guimarães Rosa... Estrelas em Poesia! O enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Cláudio Cavalcanti, o Cebola.
A quadra da Mocidade fica na Rua Coronel Tamarindo, 38, em Padre Miguel. O ingresso para sábado custa R$ 5, para os homens. Mulheres têm entrada franca até meia-noite. Os ingressos cortesias também são validos até a meia-noite.

terça-feira, setembro 09, 2008

'Playboy' divulga foto de Gyselle Soares toda nua


A Playboy divulgou nesta terça-feira duas novas fotos do ensaio de Gyselle Soares para a edição deste mês da revista. Em uma das imagens, a segunda colocada do Big Brother Brasil 8 veste uma blusinha e fio dental. Já a outra é a primeira em que a cajuína aparece toda nua, mas escondendo as partes íntimas.

Gyselle foi fotografada por JR Duran nas proximidades do delta do rio Parnaíba. "Para mim foi uma prova de fogo, me sentir nua na revista me fez tirar alguns complexos bobos e antigos que eu tinha (risos). Adorei, foi maravilhoso, e foi uma experiência inesquecível na minha vida!", disse ela em entrevista à publicação.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Noite em São Luís

“Ainda uma vez adeus!...”. Eduardo não pensou que poderia voltar a esta terra. Partiu prometendo voltar, mas no peito a certeza de que não seria assim. Cinco anos se passaram, ele mudou, a cidade mudou... Para melhor, poderia afirmar.
Estava sentado à sombra da estátua do grande poeta maranhense, na Praça Gonçalves Dias. À sua frente, o encontro dos rios Bacanga e Anil com o mar. Logo depois da ponte José Sarney, a cidade dos edifícios, como ele gostava de chamar aquele lado de São Luis. No entanto, preferia o lado de cá. Com seus casarões testemunhando uma época de glórias, de sonhos. Era que passou, e cujos testemunhos erguiam-se e sobreviviam bravamente ao tempo, ao clima, ao descaso. Cada paralelepípedo, cada beco, cada azulejo tinham um sabor de nostalgia.
Consultou o relógio. Meia hora e a tarde se despediria. Sorriu consigo mesmo. Sexta à noite, Centro Histórico... Em sua adolescência, na primeira noite de “excursão” em São Luís passou por um grande sufoco... Estava com três colegas da escola. Queriam lhe apresentar sua cidade. Andaram por museus e ruas. Racharam os trocados que tinham nos bolsos e compraram sorvetes. Um guia turístico levava um grupo de franceses. Ele ficou ouvindo, achou bonito o sotaque dos turistas. Muito admirado contemplou a arquitetura neoclássica do Palácio dos Leões.
Uma decepção que tivera foi com o aspecto de decadência e as ruínas que encontrou durante o passeio. Se as coisas permanecessem assim, o maior acervo arquitetônico histórico da América Latina não resistiria. E o que seria de São Luís sem a sua alma? Onde dançariam aquelas mulheres do tambor de crioula, ou os dançantes de bumba-meu-boi?
Ficaram ali, na Praça da Seresta. Um auto de São João estava sendo apresentado aos turistas. Seus colegas queriam ir embora. No entanto, ele ficou. Como poderiam enfadar-se num palco daqueles, com aqueles lampiões tingindo as calçadas com aquele amarelo ouro envelhecido, como podiam ignorar não valorizar o que tinham? E a noite caía suave. O Reviver parecia ganhar mais vida. As pessoas se reuniam nos terraços dos bares, nas praças... Quando o cansaço o venceu, Eduardo consultou o relógio, já passava das dez da noite. Sua mãe estaria histérica em casa, ele não conhecia São Luis, provavelmente ela já havia contatado a polícia! Sorriu satisfeito, a pequena aventura valeria a bronca que escutaria antes mesmo de pisar dentro de casa.
Pegou o caminho da rua da Estrela e saiu, tentando lembrar qual rua ou beco deveria seguir para chegar ao Mercado Central e pegar a condução para casa. Tinha certeza de que errara o percurso. Chegou a um trecho onde os lampiões não tinham luz. Na escuridão iria se perder de verdade! Refez os passos, ainda não tinha perdido o controle! Voltou por onde viera. Começava a suar frio. Era mesmo um maricas! Onde já se viu, tremer assim?! Não sabia por que se sentia tão amedrontado. Não fazia sentido!
De repente, parou. Tinha certeza de que ouvira um gemido alto, cascos de cavalos sobre as pedras da rua. Não! Era um grito! O som parecia cada vez mais perto. Ele quis correr, mas estava paralisado! O som se aproximava. Era um grito de agonia. Anos de dor traduzidos naquele som terrível. Eduardo fechou os olhos. Sentiu o vulto passar por ele. Então, a curiosidade venceu o medo. Abriu apenas um olho. Parecia uma carruagem. Dentro dela, uma mulher de aspecto tão medonho o levou a molhar as calças. Quis gritar, mas nenhum som saiu de sua garganta. Tinha certeza de que morrera e logo veria o “grande túnel”.
Noites a fio as imagens daquela mulher e sua condução assombraram seus sonhos. Mais tarde, soube ser a carruagem de Ana Jansen. Era o segredo que guardava consigo. Preferia acreditar que ouvira aquela estória, sim uma estória, em algum lugar. Protestava, afirmando que fora um surto num momento inusitado, quando cercado pelo medo e solidão.
Partiu para Recife cinco anos depois do episódio. Estava com vinte anos. Mas deixou um elo na cidade. Sua namorada ainda estudava e vivia com os pais. Eduardo tinha mais oportunidades fora do Maranhão e partiu, afirmara que só por um tempo. Foi ali naquela praça que se encontraram pela última vez. Ela chorava e apesar dele dizer que ligaria e escreveria sempre, Paula não acreditava. Dizia que era o “adeus”. Ela amava o poema que Gonçalves Dias fez para Ana Amélia e falou que, se um dia esbarrasse nele, não fingiria que era um desconhecido, que ele prometesse fazer o mesmo, nunca se esquecesse dela. O “adeus” não durasse para sempre. Mesmo assim, combinaram que em cinco anos estariam ali de volta.
A cidade, agora tingida pelo cinza azulado da noite e pontilhos luminosos, parecia bater-lhe amigavelmente no ombro. Paula. Foi ela que o havia esquecido e ele não havia deixado de querê-la. Ergueu o rosto e contemplou a estátua. “Não se morre de amor, meu poeta , mas se sofre muito”. Ainda esperou alguns minutos, a esperança dissolvendo-se como fumaça no vento. Então, quando resolveu ir embora, duas mãos pequenas e macias vendaram seus olhos. Uma voz vagamente familiar sussurrou no seu ouvido: “Vivi, pois Deus me guardava para este lugar e hora/ depois de tanto, senhor / ver-te e falar-te outra vez...”.
E quem disse que um homem não pode ser um tolo, às vezes?! Sentia-se um Gonçalves Dias realizado, pois tinha finalmente seu “quinhão de alegria”. Era o seu outro segredo, confessado apenas a esta cidade, esta Ilha de Amores.

Helayne Xavier Brás
Aluna do curso de Letras da UFMA

São Luís: 396 anos

Toda terra tem seus problemas e suas qualidades, sempre terá. Como a vida em si, independente do sol que arde sobre nossas cabeças, muito embora seja um só, ou da língua que falamos, há fatos que enaltecem e outros que entristecem. Era isso que tentava explicar, em vão, a um amigo que estava boquiaberto com toda a tecnologia e arquitetura dos Jogos Olímpicos de Pequim e fazendo uma amargurada comparação de total desprezo com o Brasil e em específico com a realidade de São Luis. Revoltado diante desta comparação absurda, não consegui expressar-me de tal modo que o fizesse entender minhas conclusões que agora aqui coloco; postas com a calma de quem quer entender o motivo das coisas. Leia com calma, amigo, pois é com esta caneta da parcimônia que entenderá sua enlatada inópia. E a todos que gostaram ou não desta cidade chamada São desejo feliz 396 anos, pois, querendo ou não, somos filhos dela, devemos nos orgulhar, como irão perceber.
Lembro claramente que me chamou de tolo, um apaixonado que se faz cego para que não veja a verdade à sua volta. Não foi isso, cáustico amigo? Agora sei de onde provêm todas as suas rugas e amarguras. Saiba que a minha São Luís é a mesma sua, não se assuste nem negue. O que mais me fascina é esta sua verdade intolerante, que vive a afirmar o escudo ser de prata; veja o outro lado, no qual o ouro reluz, avise a seus pulmões que inflam e arrogam que sempre há dois lados, e pergunte a ele porque faz questão de aspirar apenas o ar contaminado, deixando de lado qualquer ar puro que tenha por aqui. É a morte de um desses lados, e a super valorização do outro que fazem de você essa pessoa desacreditada. E antes que me coloque em meio aos que resumem São Luís ao Centro Histórico, alego que não esqueço que a pequena São Luis há muito, como uma criança que deseja crescer e nada podemos fazer, atravessou o rio Anil, que, hoje, do anil muito já desbotou. Fiel amigo, não fecho meus olhos, e, quando eles virem a fechar-se, não esquecerei que esta São Luís não foi convidada a Reviver, como a antiga São Luís: sei dos bairros pobres, da precariedade da Saúde e Educação pública. Nunca esqueço o sorriso da sofrida gente que faz esta ilha andar com a força humilde de seus braços fortes.
Mas, importado amigo, não fique a comparar o que de fora compra, pois isto é estupidez: vejo que assim somente você negreja seu coração, e se quer saber, sou sim um apaixonado pela minha Cidade e apaixono-me a cada dia. Suas negativas fecham em si, e, preso em si, com elas você não faz nada, absolutamente nada para melhorá-la. Fique aí a contemplar teus quadros na parede fria; a Torre Eiffel nela certamente é mais alta que a estátua de Gonçalves Dias, mas não lhe dará sombra nem poesia. Esta é sua colonial idéia e invejosa, onde todo lugar é melhor do que o aqui, onde há sonhos, mas nunca aqui. Se quiser saber ainda o motivo do meu orgulho do qual você debocha, tenho antes de tudo orgulho, pois esta cidade fez de mim quem sou. Importante é lembrar que para mim a chamada Velha São Luís que é nova, conheço-a há pouco tempo se compará-la ao bairro desta ilha onde cresci. Mas ainda poderia citar casarões e seus mirantes, fontes - das quais, a do Ribeirão, com seu frontispício de Neturno e com o silêncio de suas galerias que fazem eco, é a que mais me fascina - ruas e becos seculares que guardam em cada nome uma história, escadarias que nos trazem o passado, mas meu maior orgulho não é material, é sobretudo imoral, pois assim é nossa gente, que, com a vontade de viver e criatividade, inventa a vida, nas mais adversas situações, tornando-a possível! Meu Orgulho e ser Gonçalves Dias, Josué Montello, Artur Azevedo, Sousândrade, Graça Aranha, Nauro Machado, Antônio lobo, Vieira da Silva e tantos outros que parecem não caber na frase nem no Maranhão. E afirmo que se uma Atenas em 396 anos produziu tantos ilustres filhos, o que esperar dos próximos 396 anos?
Enfim, amigo, agora entende o que eu o queria dizer naquele dia e não consegui? Já que tanto lhe apetece e valoriza o que é chinês, isso tudo vale os “espinhos de Confúcio, que têm rosas” pelas quais devemos nos alegrar, mas somente olha as rosas que têm espinhos. E mais somente o aconselho, para que não venha a passar a vida em morte, não se contamine desta forma pelo o que há de ruim, pois isto tudo apenas turvará sua afeição e a possibilidade de valorizar algo de bom que existe ou aconteça à sua volta. Nunca deixe os problemas afetarem sua afeição de tal forma que todas as belezas lhe sejam tolhidas, de modo que lhe lancem nessa vida soturna de admiração do que não é palpável e de desprezo por todo o resto, porque temos que achar motivos para viver e mudar ou morreremos ranzinzas.

Gladson Fabiano de Andrade Sousa
Aluno do curso de Letras da UFMA
http://gladdking.blogspot.com/

quinta-feira, setembro 04, 2008

Edmundo joga de goleiro, chora e se diz humilhado


O atacante Edmundo assumiu a meta do Vasco nesta quinta-feira, na derrota por 3 a 1 para o Cruzeiro, em São Januário, por causa da expulsão do goleiro Tiago e das três alterações já feitas pelo técnico Tita até aquele momento. Ao deixar o campo, o veterano jogador, 37 anos, ficou bastante emocionado e, chorando, se disse humilhado.
"A gente é roubado em tudo quanto é lugar, não merecemos isso não", disse Edmundo, com a voz embargada e os olhos marejados. "Eu estou feliz, não estou chorando de tristeza não. A gente tem uma torcida que ama o time, mas não temos a ajuda de ninguém. É humilhante demais", completou o jogador, ao mesmo tempo em que era ovacionado pelos vascaínos.
Perguntado se era um jogo que ia entrar para a sua carreira, Edmundo desabafou ainda mais. "Eu não preciso disso... O cara fica humilhando ali dentro de campo. É brincadeira", resumiu o atacante, que fez apenas uma defesa no confronto, aos 45min do segundo tempo, em uma cabeçada de Guilherme.
Aos 30min da etapa final, logo após a expulsão de Tiago, os jogadores do Vasco fizeram uma rápida reunião dentro da grande área. Edmundo já colocava as luvas quando Alan Kardec pegou a camisa número 1. O veterano tirou as luvas, jogou no gramado e parecia ter desistido da idéia. Mas, pouco depois, camisa e luvas foram entregues a ele.

quarta-feira, setembro 03, 2008

A solitária poesia simples de Camelo

Marcelo Camelo lançará seu CD solo segunda-feira próxima, mas músicas já estão disponíveis na internet

André Sales
Editor de capa de O Estado

Lúcido. Tranqüilo. Sem preocupações. Marcelo Camelo, ex-vocalista dos Los Hermanos, dono de uma voz modesta, compensada pela boa afinação e pelo profundo apuro musical, marcou o lançamento de seu primeiro álbum solo para segunda-feira próxima. Sou pode ser considerado um presente para os desolados fãs e seguidores dos barbudos Los Hermanos, que assistiram alguns atônitos, outros conformados, o grupo desmontar-se em abril do ano passado para um tal tempo, a ser aproveitado em produções diferentes. Separadas.
Com o lirismo de versos simples, já existente em muitas de suas canções gravadas pela banda, Marcelo Camelo gravou 11 faixas bem criativas no disco. Marcha de Carnaval. Beach music. Samba. Baião. Jazz. Folk. Até axé music. O que pode insatisfazer a galera da restrição, da música originalmente fechada, do ódio à moda. As reações devem ser das mais diversas, tal como a obra. Existem os que desgostam mas respeitam o nome do artista, os inquisitores, os defensores sem personalidade e os que aguardam a confusão se armar na praia com o mp3 player no ouvido.
“É de imaginar bobagem...” é o verso que complementa a semi-instrumental Téo e a Gaivota, carregada de efeitos misturados, como riffs de guitarra eletroacústica, mergulhos em sons ambientes com uma levada praieira/havaiana, tal como as composições sobre o mar do disco 4 do Los Hermanos. Outras canções muito bem interpretadas e mais animadas são Copacabana, Menina Bordada e Vida Doce. Parecem jogos, com a percussão dinâmica e poemas de primeira.
Em algumas faixas, o compositor une-se a parceiros, além da banda Hurtmold, que toca na maioria das composições. Uma delas já revoltou muitos fãs em fóruns na web: Mallu Magalhães. Porém quem já gravou com Sandy e Júnior, há muito tempo já derrubou a casa. Engraçado para mim é simplesmente considerar uma das melhores músicas do disco exatamente aquela com a participação da garota: Janta. Na canção de letra romântica, trabalhada sobre uma batida folk, Mallu e Marcelo cantam em inglês e português com vozes pontuais. “Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar, caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá”.
O disco solo de Marcelo mostra a sua doce solidão sem a banda e apresentam o cantor como bom poeta e músico perfeccionista. De solos violões e bons arpejos ao som metálico da safona, o cantor cria canções com ritmo universal, contudo carregadas de memória, o que destrói todas as argumentações de possíveis críticas afetadas. De defensores desajeitados de regionalismos aos grandes puristas comedores de lentilha musical.
Apesar de comparações a antigos trabalhos, ali, quieto e calmo, sem muitas explosões, em produção independente, a música solo do cantor surge viva para o mundo. As reflexões das letras são palpáveis e a preocupação maior é com a evolução sonora. No disco, a poesia sem rimas fenomenais assusta pelo uso tão perfeito de muitas expressões que poderiam ser banidas, de “clichezinhos” tão bem adaptados à canção. Sem perceber, o disco roda uma, duas, três vezes e a vontade de parar é motivada apenas pelo resquício da tristeza do poeta frente à necessidade de garantir a grana diária. Coros, metais e o mar são vozes. Já o compararam ao falecido Dorival Caymmi.
Antes do lançamento, na semana passada, Camelo já havia disponibilizado em seu my space (www.myspace.com/marcelocamelo) parte do álbum. Ouvir também com a maior atenção as canções Mais Tarde e Liberdade. “É Deus, parece que vai ser nós dois, até o final”. Difícil esconder a boa impressão deixada por outras músicas do compositor. Os verdadeiros fãs do cantor são bons ruminadores. Vale ouvir com a namorada, com a mãe, com os amigos em uma noite calma ou com o cachorro.