sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Iate de Saddam é colocado à venda

O Ocean Breeze, um luxuoso iate que pertenceu ao ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e que está equipado com um sistema antimísseis e uma plataforma para lançamento de submarinos, foi posto à venda por mais de 20 milhões de euros - aproximadamente R$ 62 milhões.

A empresa Nigel Burgess, com sede em Londres, pôs à venda esta embarcação, apesar de não ter especificado o nome do proprietário ou seu valor real.

Em seu site, a Burgess assinala que o Ocean Breeze, ancorado no Mediterrâneo, foi construído na Dinamarca, em 1981, e pode alcançar uma velocidade de dezoito nós, além de dispor de camarotes para 28 convidados.

No entanto, o jornal britânico The Independent informou que o luxuoso iate, com torneiras de ouro, salões com decorações suntuosas e até uma sala de cirurgia, está ancorado em Nice, e seu preço alcança cerca de 23,7 milhões de euros.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

O mais ELEMENTAR

Flávio Moreira da Costa Escritor

Houve uma época em que algum inglês, possivelmente desocupado ou excêntrico, relacionou as três personalidades mais conhecidas do mundo: Papai Noel, Mickey Mouse e Sherlock Holmes. Não me perguntem qual o critério ou a finalidade da escolha, mas o curioso é que se trata de duas personalidades ficcionais e uma do imaginário religioso-popular. Mesmo sem acreditar em Papai Noel, fica difícil não acreditar na vitalidade de Sherlock, um dos raros personagens da literatura que virou substantivo em vários idiomas - como sinônimo de detetive.

Ele faz sucesso há pelo menos 120 anos, desde que seu primeiro romance, Um estudo em vermelho, foi publicado em 1887, depois ter seus originais recusados por três editoras, na maior touca editorial da história. De lá pra cá, já produziu um rio de dinheiro, em todos os países em que foi publicado. (O tal do inglês desocupado bem que poderia fazer esta conta.) No Brasil também, pelo menos há uns 60 anos. Foram dezenas de editoras, centenas de edições, e cabe aqui destacar a antiga e hoje desativada Melhoramentos que, ainda nos anos 50, não se contentou em publicar só a série de romances e contos de Sherlock Holmes: editou também os romances históricos de Conan Doyle, como A campanha Branca e Sir Nigel e As façanhas do brigadeiro Gerard (há um conto dele na recente antologia Os melhores contos que a história escreveu, da Nova Fronteira), e volumes de contos de boxe, de piratas etc., livros que as editoras atuais esqueceram (outra touca?) e que os leitores costumam catar nos sebos.

Criador mata criatura

Ao mesmo tempo, era bem verdade que Sherlock Holmes jogava por terra todas as criações do autor que não o tivessem como personagem. Até o dia em que o criador, exausto, resolveu matar a criatura. Conan Doyle justificou-se: "Tive uma tal overdose de Holmes que me sinto em relação a ele como em relação a um paté de foie gras que certa vez comi demais. Tanto que até hoje sinto náuseas só de ouvir o nome. (...) Censuraram-me muito por ter dado cabo desse cavalheiro, mas sustento que não foi assassinato; foi um justificável suicídio em autodefesa, porque, se eu não o matasse, ele certamente teria me matado".

Matar um personagem é direito inalienável de qualquer autor, certo? Certo, mas a decisão do autor desafiaria até mesmo o rigor lógico-dedutivo do famoso detetive de Baker Street. A reação foi enorme e inesperada: milhares de cartas reclamaram, e o editor do Strand Magazine (que publicava seus contos) teve de se explicar junto a seus acionistas, pois mais de 20 mil assinantes (quantas tiragens de livros isso não representaria?) cancelaram suas assinaturas em protesto. E Conan Doyle não teve outra saída: ressuscitou Sherlock Holmes. A criatura se impôs definitivamente sobre o criador. Sob aplausos da arquibancada.

Romances e contos reunidos

Portanto, mais do que justificável o fato de que não faltem edições de Sherlock na praça, até hoje, sejam esparsas e incompletas, como em livros de bolso, seja, de uns dois anos para cá, dos contos e romances completos de Sherlock Holmes, sempre em dobradinha com o tranqüilo dr. Watson. É o caso das edições quase ao mesmo tempo da Zahar e da Ediouro. Ambas, na realidade, têm cerca de dois anos: a da Ediouro nada mais é do que a reedição, em um só volume, da edição anterior, em três volumes. Já a Zahar vem publicando o Sherlock completo em seis volumes. O leitor, é claro, poderá optar por uma ou por outra, a seu critério, seja pelo tamanho, pela facilidade de leitura ou por outra razão qualquer. Eu me abstenho de escolha pessoal, mas é inevitável salientar alguns diferenciais objetivos.

A edição da Ediouro reaproveita traduções antigas, retocadas ou revisadas, traz o texto em duas colunas (à la Reader's Digest) e vai direto ao assunto, sem sequer uma nota situando autor e obra. Já os livros da Zahar baseiam-se na edição crítica recente - e notável - de Leslie S. Klinger, cheia de ilustrações da época, notas explicativas e com uma introdução, se não definitiva, com certeza riquíssima, assinada pelo próprio Kinger. E novas traduções foram feitas - a cargo de Maria Luiza X. de A. Borges. Apresenta-se como "edição definitiva". Está bem próximo disso.

Introdução de 40 páginas

Depois de um pequeno prefácio e de uma nota de John Le Carré, a introdução da edição da Zahar, "O mundo de Sherlock Holmes" estende-se por cerca de 40 páginas. Começa situando a era vitoriana, segue com "A vida registrada de Sherlock Holmes"; depois, "A vida registrada do dr. Charles H. Watson"; em seguida "A vida pública de Sherlock Holmes e John H. Watson"; registra as "Imitações" e faz "Um estudo do cânone"; finalmente alinha "Os amigos de Sherlock Holmes". Depois é só (só?) ler os quatro romances e as dezenas de contos e retirar sua carteira de sherlockmaníaco e (numa visita ao Museu da Baker Street, em Londres) registrar seu diploma de PHD em sherlocklogia.

A não ser que você não acredite em Papai Noel. Nem em Mickey Mouse. Nem em Sherlock Holmes. Neste caso, elementar, meu caro não-leitor: você não vai mesmo se interessar por este artigo, nem muito menos ter de optar por esta ou aquela edição. Mas reconheça que nosso personagem/personalidade é resistente a tudo e a todos - inclusive a seu criador.

Não tem mistério. Mas vá entender.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Obama será morto se vencer

A escritora britânica ganhadora do prêmio Nobel de Literatura Doris Lessing causou alvoroço ao afirmar que, caso seja eleito, o pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos Barack Obama será morto. "Provavelmente, um homem negro não ficaria muito tempo na posição de presidente. Iriam matá-lo", disse Doris, segundo o jornal Daily Mail.

A escritora britânica ganhadora do prêmio Nobel de Literatura Doris Lessing causou alvoroço ao afirmar que, caso seja eleito, o pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos Barack Obama será morto. "Provavelmente, um homem negro não ficaria muito tempo na posição de presidente. Iriam matá-lo", disse Doris, segundo o jornal Daily Mail.

A manifestação de Doris provocou reações. "Sugerir que Obama está em perigo se vencer as eleições de novembro não é apenas gerar discórdia, mas insultar o povo americano", disse um analista democrata.

O senador por Illinois venceu as últimas primárias nos Estados da Lousiana, Nebraska, Washington e Ilhas Virgens, passando à frente de Hillary nas pesquisas.


sexta-feira, fevereiro 01, 2008

O PARAPENTISTA SILAS

“O conde e o passarinho”. Esta crônica de Rubem Braga é um pedido. “Ora, o Conde estava passeando e veio o passarinho. O Conde desejou ser que nem o seu patrício, o outro Francisco, o Francisco da Umbria, para conversar com o passarinho. Mas não era aquele, o São Francisco de Assis, era apenas o Conde Francisco Matarazzo. Porém, ficou encantado ao reparar que o passarinho voava para ele. O Conde ergueu as mãos, feito uma criança, feito um santo. Mas não eram mãos de criança nem de santo, eram mãos de Conde industrial. O passarinho desviou e se dirigiu firme para o peito do Conde. Ia bicar seu cora-ção? Não, ele não era um bicho grande de bico forte, não era, por exemplo, um urubu, era apenas um passarinho. Bicou a fitinha, puxou, saiu voando com a fitinha e com a medalha”.
Na quinta-feira (31 de janeiro), Jorge Cláudio Sousa Ribeiro também tentou voar, assim como o passarinho que roubou a medalha e a fitinha do Conde Matarazzo. Jorge Ri-beiro é um parapentista e não deixará de sê-lo, mesmo após a queda que protagonizou, na Litorânea. Com certeza, o susto foi grande. E a sorte, maior ainda.
Uma vez mais, recorro à sabedoria da Wikipédia, “a enciclopédia livre”. O parapen-te (paraglider, em inglês) é um aeroplano, ou seja, uma aeronave mais pesada que o ar. Em sua asa (inflável e semelhante a um pára-quedas, que não apresenta estrutura rígida), são suspensos por linhas o piloto e possíveis passageiros. Imaginai, passarinho ladrão, uma pessoa arriscando em sã consciência o próprio pescoço com esta noção, para mim duvidosa, de esporte radical. Imaginai então, passarinho batedor de fitas e medalhas, os passageiros dessa criatura alucinada e um tanto quanto suicida que Deus, Nosso Senhor, pôs no mundo na certa pensando que era peça boa.
A história do parapente começa em 1965 com a velasa. É, passarinho, a loucura não é recente. Como também (no bom sentido, é claro) não é novo esse desejo pra lá de suicida da humanidade de tirar os pés do chão e tentar alcançar as nevadas barbas divinas. Veja o caso do Dumont. Em 23 de outubro de 1906, voou cerca de 60 metros, a uma altura de dois a três metros com seu 14 Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, repetiu o feito e, diante de uma multidão, percorreu 220 metros a uma altura de 6 metros.
Não podemos esquecer dos insofismáveis irmãos Orville e Wilbur Wright (nomes impronunciáveis depois da quinta ou da sexta Antarctica misturada com o ótimo vinho San-ta Helena). Diante dessa estúpida discussão que até hoje se arrasta a respeito de quem deve ser o pai da criança – a aviação, no caso -, deve-se considerar que ambos os dois entraram de gaiatos nessa história por projetarem e construírem o primeiro avião funcional e também por realizarem o primeiro vôo controlado num aparelho mais pesado que o ar em Kitty Hawk, Carolina do Norte, que teria sido realizado em 17 de dezembro de 1903. O nome desse tal aparelho era “Flyer I”. E pensar que os seres humanos passaram séculos a fio sem Internet. Ó tempos, ó costumes, como diria o outro!
Retorno a Rubem Braga: “Devo confessar preliminarmente que, entre um Conde e um passarinho, prefiro um passarinho. Torço pelo passarinho. Não é por nada. Nem sei mesmo explicar essa preferência. Afinal de contas, um passarinho canta e voa. O Conde não sabe gorjear nem voar. O Conde gorjeia com apitos de usinas, barulheiras enormes, de fábricas espalhadas pelo Brasil, vozes dos operários, dos teares, das máquinas de aço e de carne que trabalham para o Conde”. Mas aí vocês podem até perguntar: o que tem a ver Jorge Ribeiro com passarinhos e condes? Nada. Ou tudo.
Jorge é o primeiro parapentista silas da história. O parapentista que “silascou” na Litorânea. Voai, passarinho trombadinha, voai...