sábado, outubro 24, 2009

Lançamento analisa herança do educador Paulo Freire

Conceitos do pernambucano são tema de obra, que apresenta novas abordagens

MOACIR GADOTTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Muitos têm sido os autores que, sob diferentes ângulos, analisaram Paulo Freire. Fernando José de Almeida, professor da PUC-SP e vice-presidente da TV Cultura, faz isso com linguagem simples, entrelaçando os principais conceitos e temas de sua filosofia educacional, em "Folha Explica Paulo Freire".

O livro não se destina apenas a quem não conhece Freire, mas também aos que têm alguma intimidade com sua obra, pois traz novas abordagens, contextualizando-as. Com rigor e precisão, o autor desfila cada conceito "freiriano".

O pano de fundo é a atualidade de Freire. Como ler o mundo de hoje com Freire. Isso é ainda mais adequado numa época em que alguns gostariam de deixar Freire no passado, na história das ideias pedagógicas, seja por não concordarem com ele por suas opções políticas, seja por não quererem mexer na cultura opressiva de ontem e de hoje que ele denunciava.

Almeida afirma que Freire "é mais necessário do que nunca. Mas um Paulo Freire reinventado, como ele mesmo queria". É claro que cada leitor de Freire faz essa leitura dentro de sua ótica. O olhar de Almeida transparece nos temas e conceitos que mais destaca: religião, universidade, currículo, tecnologias da informação.

Pernambuco
Sem fazer uma exegese, o que seria chato e, certamente, desagradaria Freire, ele coloca na base do pensamento deste "a vivência da situação do país, mais especificamente de seu Estado, Pernambuco, e de sua cidade, Recife".

A leitura do mundo como método "freiriano" se explica nessa preocupação sempre presente em Freire de contextualizar e sistematizar a experiência. Em Freire, "a aprendizagem é sempre situada". Ele teria desenvolvido "um novo conceito de leitura -e com ele um novo conceito de escrita".

Fernando Almeida nos diz que "a maior contribuição teórica de Paulo Freire foi ter ligado suas propostas educativas ao pensamento dialético de Marx, às proposições cristãs de Emanuel Mounier".

Essa é também a opinião do filósofo alemão Wolfdietrich Schmied-Kowarzik, que afirma no livro "Pedagogia Dialética -De Aristóteles a Paulo Freire" (Brasiliense) que a originalidade de Freire foi ter "entrelaçado temas cristãos e marxistas".

No capítulo três, Fernando Almeida destaca a importância do diálogo, o caráter dialógico do seu pensamento e do seu método da leitura do mundo para se libertar, para se emancipar. Não basta incluir. É preciso emancipar. Lamenta que "todo o trabalho de Paulo Freire, todos os anos de exílio, todos os festejos na sua volta, não ajudaram o país a fazer a lição: dar direito à leitura e à escrita a seus cidadãos".

E conclui: "O pensamento de Paulo Freire nos abala e ao mesmo tempo nos sustenta. Abala porque incomoda nossas seguranças; e nos sustenta porque anuncia algo solidamente novo". Seu legado não pode ser considerado uma contribuição à educação do passado, mas à educação do futuro.

MOACIR GADOTTI
É professor titular da Faculdade de Educação da USP e diretor do Instituto Paulo Freire

sexta-feira, outubro 09, 2009

Vitória de Herta Müller no Nobel de Literatura dá impulso para uma nova Europa Central

DER SPIEGEL

Ulrich Baron

A voz de Herta Müller é uma voz política que também é capaz de cantar poeticamente. Os seus textos unem as grandes virtudes da literatura. O seu trabalho clama por uma justiça que desconhece quaisquer fronteiras. Conceder a ela o Prêmio Nobel foi uma atitude correta e importante.

Todos os anos o Prêmio Nobel de Literatura é uma fonte de surpresas. O deste ano provocou um choque? Não, a escolha do comitê não chegou a ser uma surpresa. De editores a críticos, a maioria acredita que Herta Müller era uma boa candidata ao prêmio. De fato, graças ao seu mais recente romance, "Atemschaukel" (o título da tradução em inglês é "Everything I Have I Carry with Me", ou "Tudo o que Tenho, Levo Comigo"), ela está também cotada para receber o /Deutscher Buchpreis/ (Prêmio Livro Alemão) de 2009, que será concedido na semana que vem na Feira do Livro de Frankfurt

De fato, parece que neste ano o debate anual sobre o mérito do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura não ocorrerá. Em vez disso, os analistas voltarão o foco para a própria vencedora. Müller nasceu em 17 de agosto de 1953, em Banat, uma região no oeste da Romênia. A região é habitada por um grande número de alemães - de fato, a língua nativa de Müller era ao mesmo tempo o alemão e o idioma de uma minoria étnica.

Müller só aprendeu a falar romeno aos 15 anos de idade. O seu primeiro livro, publicado em inglês sob o título "Nadirs", foi altamente censurado pelas autoridades comunistas o ser lançado em Bucareste em 1982. Uma versão não censurada foi lançada na Alemanha em 1984. Ela ganhava a vida como professora particular de alemão.

Não demorou muito, no entanto, para que o serviço secreto romeno se tornasse intolerável e, em 1985, ela pediu autorização para deixar o país. Desde então, a não ser por alguns breves períodos passados como "escritora residente" em várias universidades na Europa e nos Estados Unidos, ela mora na Alemanha.

Entretanto, a língua de Müller é diferente - e não só porque ela veio de um enclave germânico que passou séculos desenvolvendo o seu próprio dialeto do alemão. O que ocorre e que a sua língua é ousada e direta, como se ela estivesse obcecada por usá-la de forma um pouco diferente da convencional.

Escrevendo contra o terror
A obra em prosa que ela escreveu em Berlim Ocidental, "/Reisende auf einem Bein" /("Viajando em uma Perna Só"), descreve a saída de um país chamado lar e a chegada em outro. Müller faz com que o leitor se defronte com o mundo estranho do regime de Ceausescu, mas também com a alienação na sua própria vida.

A vida sob o regime totalitário foi também um tema central do seu livro, "/Der Fuchs war damals schon der Jäger/" ("Já Naquela Época a Raposa Era uma Caçadora"), de 1992, "/Herztier/ " (traduzido para o inglês como "The Land of the Green Plums" ou "A Terra das Ameixas Verdes"), de 1995, e "/Heute wär ich mir lieber nicht begegnet/" (traduzido para o inglês como " The Appointment", ou "O Encontro"), de 1997. Ela escreveu a respeito do período que se seguiu às suas experiências romenas em "/Hunger und Seide/" ("Fome e Seda"), de 1995.

Com "/Im Haarknoten wohnt eine Dame/" ("Uma Dama Mora no Nó do Cabelo"), de 2000, Herta Müller coleta material para um álbum teimoso de poesia, que parte dos pontos de menos destaque da vida, com rimas e versos rítmicos infantis.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Razão, crença e dúvida

CONTARDO CALLIGARIS

Onde se manifesta a razão?
Na arrogância de certezas absolutas
ou na capacidade de duvidar?

MEU PRIMEIRO contato com a história que segue foi em junho passado, no blog de Richard Dawkins (www.richarddawkins.net, site que se autodenomina "um oásis de pensamento claro"). Dawkins é o evolucionista britânico que se tornou apóstolo do racionalismo ateu e cético, escrevendo, entre outros livros, o best-seller mundial "Deus - Um Delírio" (Companhia das Letras, 2007).
Mas eis a história. Em 2002, na Austrália, o casal Sam, de origem indiana, perdeu a filha, Gloria, de nove meses.
A menina, a partir do quarto mês, apresentou sintomas de eczema infantil, que é uma condição alérgica que afeta mais de 10% dos bebês e, geralmente, acalma-se ou some aos seis anos ou na adolescência. As causas do eczema infantil não são bem conhecidas; a medicina administra a condição da melhor maneira possível, esperando que passe. O problema é que o eczema (pele seca com prurido) dá uma vontade de se coçar à qual as crianças não resistem, e a pele, ferida, abre-se para qualquer infecção. Foi o que aconteceu com Gloria, que morreu de septicemia.
Não foi falta de sorte: o pai de Gloria é homeopata e, em total acordo com a mulher, medicou a menina só com remédios homeopáticos (insuficientes na condição da menina). Isso até o fim, quando ela definhava pelas infecções internas e externas. Gloria foi levada a um hospital três dias antes de morrer: as bactérias já estavam destruindo suas córneas, e os médicos só puderam lhe administrar morfina para aliviar seu sofrimento.
Os pais de Gloria foram presos, acusados de homicídio por negligência e, no fim de setembro, condenados pela Justiça australiana: o pai, a oito anos de prisão, a mãe, a cinco anos e quatro meses. Segundo o juiz, Peter Johnson, ambos os pais "faltaram gravemente com suas obrigações diante da filha": o marido pela "arrogância" de sua preferência pela homeopatia e a mulher pela excessiva "deferência" às decisões do marido.
Os termos da decisão de Johnson são admiráveis. A obediência -ao marido, no caso-, seja qual for seu fundamento cultural, nunca é desculpa; ela pode ser, ao contrário, o próprio crime. E, sobretudo, o marido é condenado não por recorrer à homeopatia, mas pela "arrogância" que lhe permitiu perseverar em sua crença e em sua decisão diante do calvário pelo qual passava a menina.
A sentença de Peter Johnson é, para mim, um modelo de racionalidade, porque estigmatiza a certeza independentemente do objeto de crença. Ou seja, o juiz não discute o bem fundado da autoridade do marido e, ainda menos, os méritos respectivos da homeopatia e da medicina alopática. Tampouco ele quer limitar a liberdade de opinião, garantida pela Constituição; a sentença penaliza apenas, por assim dizer, a rigidez.
Se me coloco no lugar dos pais de Gloria, não consigo imaginar uma crença, por mais que ela possa ser crucial para mim, que resista à visão do corpinho de minha filha transformado numa ferida aberta e purulenta.
Antes disso, eu (embora confiando, a princípio, na medicina alopática) já teria convocado não só os homeopatas (o que, aliás, seria uma banalidade, visto que a homeopatia é uma especialidade médica reconhecida) mas também todos os xamãs, feiticeiros e curandeiros que me parecessem minimamente confiáveis. E, é claro, embora agnóstico, eu rezaria, sem nenhuma vergonha e sem o sentimento de trair minhas "convicções", pois a primeira delas, a que resume minha racionalidade, diz, humildemente, que há muito no mundo que minha razão não alcança.
Se fosse testemunha de Jeová, e minha filha precisasse de uma transfusão (que a religião proíbe), abriria imediatamente uma exceção. Mesma coisa se fosse cientologista, e minha filha precisasse de ajuda psiquiátrica. Sou volúvel e irracional? O fato é que tenho poucas crenças (provavelmente, nenhuma absoluta), e acontece que, para mim, a razão é uma prática concreta, específica: um jeito de pesar e decidir em cada momento da vida.

O surpreendente é que, ao ler os comentários dos leitores no blog de Dawkins, os "racionalistas" parecem tão "rígidos" quanto o pai de Gloria. "A razão" (que eles confundem com uma visão aproximativa do estado atual da arte médica) é, para eles, um objeto de fé, uma crença pela qual facilmente condenariam os "infiéis" à fogueira.
Com o juiz Johnson, pergunto: onde se manifesta a razão? Na arrogância das certezas ou na capacidade de duvidar?

ccalligari@uol.com.br

Escritora alemã Herta Mueller vence o Nobel de Literatura 2009

da Folha Online

A escritora alemã Herta Mueller, 56, é a vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2009. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (8), na sede da Academia Sueca, em Estocolmo. Mueller é a 12ª mulher a vencer o Nobel de Literatura, que premia autores desde 1901.

Durante o anúncio, Mueller foi definida como "alguém que, com a concentração da poesia e a franqueza da prosa, retrata a paisagem dos desfavorecidos".

Mueller nasceu na Romênia e estreou na literatura em 1982, com uma reunião de contos intitulada "Niederungem", que foi imediatamente censurada pelo governo comunista na época.

Em 1984, uma versão de seu livro de estreia foi publicada na Alemanha, e o trabalho, que descreve a vida em um pequeno vilarejo de língua alemã na Romênia, foi devorado pelos leitores.

Em seguida, a autora lançou "Oppresive Tango" na Romênia. Por conta das críticas ao governo do país, Mueller e seu marido emigraram para a Alemanha em 1987.

Pelo título de Nobel de Literatura, a escritora receberá a quantia de US$ 1,4 milhão.

Mueller não figurava entre os escritores mais cotados para vencer o prêmio: os americanos Joyce Carol Oates e Philip Roth e o israelense Amós Oz.

As indicações são feitas por professores, escritores já laureados e membros das academias de letras do mundo inteiro. A tradição é manter o segredo sobre os votos, mas neste ano a professora dinamarquesa de literatura Anne-Marie Mai revelou ter indicado Bob Dylan.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Em jogo com recorde de público e renda de R$ 1 milhão, Fla e Flu nada levam

Clubes têm suas rendas penhoradas de forma integral. Dirigente rubro-negro não assina borderô, e tricolores encaram medida com naturalidade

Cahê Mota, Diego Rodrigues e Eduardo Peixoto
Rio de Janeiro

Uma situação inusitada marcou o clássico entre Flamengo e Fluminense, disputado no último domingo, no Maracanã. O jogo foi comemorado principalmente pelo lado rubro-negro por ter conseguido, além da vitória por 2 a 0, bater o recorde de público de todas as divisões do Campeonato Brasileiro como mandante, que era do Vasco na Série B. A presença dos 78.409 pagantes gerou uma renda de pouco mais de R$ 1 milhão (R$ 1.016.016,00, para ser exato). Porém, nada disso garantiu sequer um centavo no caixa dos clubes, como indica o borderô da partida.

De acordo com o documento divulgado pela CBF, cada um dos clubes deveria receber R$ 317.723,60. Porém, as penhoras fizeram com que o dinheiro sequer passasse perto tanto da Gávea quanto das Laranjeiras.

O curioso é que, se a dupla Fla-Flu não teve lucro, a União dos Escoteiros do Brasil (UEB) faturou R$ 6.584,95. De acordo com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), uma quantia da verba arrecadada no clássico deve ser repassada aos escoteiros do Rio de Janeiro, como prevê uma lei estadual. O dinheiro é utilizado pela instituição em cursos, por exemplo.

A Acerj (Associação de Cronistas do Rio de Janeiro) e a Fugap (Fundação Garantia do Atleta Profissional) levaram, respectivamente, R$ 3.292,47 e R$ 13.169,99. Mas o maior desconto fica por conta das despesas administrativas da partida. O valor chegou a R$ 357.521,50 e inclui taxas da Ferj (R$ 50.800,80), de arbitragem (R$ 5.650,00), e da Suderj (R$ 55.608,00), entre outras despesas e impostos. Porém, a maior mordida fica por conta do item 'Venda e Pré-Venda de Ingressos', que levou nada menos que R$ 101.600,00.

terça-feira, outubro 06, 2009

Nobel de Física premia estudos que permitiram foto digital e sociedade em rede

da Folha Online

Os cientistas Charles Kao, Willard Boyle e George Smith dividiram o Prêmio Nobel de Física por dois trabalhos sobre fibras-óticas e semicondutores, informou o comitê que concede o prêmio nesta terça-feira (6). Os estudos desenvolvidos por eles estão por trás da fotografia digital, além de auxiliarem na interligação mundial por meio dos cabos de fibra ótica.

Charles Kao foi mencionado por sua pesquisa que envolve transmissão de luz em fibras óticas, enquanto Willard Boyle e George Smith foram premiados pela invenção do circuito semicondutor conhecido como sensor CCD.

"Eles criaram várias inovações práticas para o cotidiano e deram as ferramentas para a exploração científica", disse o comitê em comunicado.

Kao, nascido em Xangai e que tem cidadanias norte-americana e britânica, ficou com metade do prêmio. O cientista fez uma descoberta em 1966, que demonstrou como transmitir luz por longas distâncias a partir de cabos de fibra ótica --o que levou às redes de comunicação atuais, que permitem as chamadas telefônicas e a troca de dados via internet de alta velocidade em todo o mundo.

Boyle, que tem dupla cidadania dos EUA e do Canadá, e o norte-americano Smith dividiram a outra metade. Eles trabalharam juntos na invenção do chip CCD (sigla em inglês para "charged-couple device", ou dispositivo de carga acoplado, em tradução livre), o "olho" da câmera digital, responsável pela imagem "vista" pela lente da câmera. A tecnologia é encontrada em todos os dispositivos fotográficos, desde as câmeras mais baratas, passando pelas de alta velocidade, até delicados instrumentos cirúrgicos.

O prêmio, de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão), concedido pelo Comitê do Nobel para a Física na Real Academia Sueca de Ciências, é o segundo Prêmio Nobel concedido neste ano.

segunda-feira, outubro 05, 2009

FEIRA DO LIVRO JÁ!

E a 3ª Feira do Livro foi adiada. Como diria o personagem de Charles Schulz, o filósofo contemporâneo Charlie Brown: “Que lástima!”.
À reportagem de O Estado, o presidente da Fundação Municipal de Cultura Func, Euclides Moreira Neto, disse que a mudança de data para o período de 20 a 29 de novembro “favorecerá um tempo maior para finalização dos ajustes técnicos, visando à montagem de uma estrutura da dimensão da Feira do Livro”.
No meu entendimento, a Feira foi relegada para um triste quinto plano, em relação a outros eventos presentes no calendário da fundação. A gestão municipal anterior deu ao evento o respeito devido: em outubro, mês para o qual estava marcado o evento, a Cidade das Letras foi erguida e durante duas semanas transformou a Ilha no país dos sonhos de Monteiro Lobato.
Um outro bom exemplo para a Func de Euclides Moreira é o Festival Geia de Literatura. Em setembro, dias antes da Romaria, a praça em frente à Igreja de São José de Ribamar torna-se um pequeno grande paraíso das letras, enquanto outros locais na Cidade Balneária voltam-se para o incentivo à educação – tão necessária para este país, que hoje, como se sabe, encontra-se na 75ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). E a educação se dá basicamente pela ascensão do livro na formação humanística dos indivíduos. Experiência que, no entendimento da inesquecível Hortência (não a do basquete e sim da atual turma de Letras da Universidade Federal do Maranhão), perpassa a experiência dos homens e promove sua transformação, pelo intelecto, dentro dos agrupamentos sociais aos quais pertencem e dos quais participam atualmente.
Para retornar aos trilhos: como diria um amigo meu em seus momentos “sem-noção”, nós não se podemos esquecer o 7º Salão do Livro de Imperatriz, que este ano foi maravilhosamente antecipado para este mês (de 17 a 25). O presidente da Academia Maranhense de Letras, Agostinho Noleto, declarou à imprensa que a mudança ocorreu em razão do adiamento, para o ano que vem, do Salão do Livro de Brasília. Segundo o imortal tocantino, o evento por ele capitaneado será “superlativo”.
Espero que a Feira do Livro seja assim. Mas vocês devem estar se perguntando por que entendo que os preparativos de um de nossos maiores eventos culturais não passaram de projetos colocados dentro de alguma gaveta, tendo sido colada neles a etiqueta com a frase “Amanhã a gente resolve”.
As respostas estão na página do Pergentino Holanda, neste jornal. “Nós realizamos uma programação junina que foi encerrada somente em agosto”, justifica-se o titular da cultura do Município. “Tivemos ainda a realização da programação do aniversário de São Luís e acabamos protelando projetos. Admitimos que perdemos alguns prazos que podiam inviabilizar, juridicamente, a execução do projeto dentro da legalidade”. Em outras palavras, nosso bom Euclides nos últimos tempos pensou em tudo. Exceto na Feira do Livro. Caso tenha pensado, foi atropelado pelas circunstâncias. Pelo jeito, há mais detalhes na programação de uma fundação de cultura do que sonha a nossa van – a nossa vã filosofia (essa oportunidade eu não podia perder).
Mas chega de críticas, né não? Muito pior teria sido se a Feira tivesse sido cancelada. Acreditamos que a Prefeitura de São Luís tem todas as condições de promover um evento de grande porte, inclusive erguendo uma Cidade das Letras – em que pese o espaço exíguo da Praça Maria Aragão – maior e melhor do que a apresentada pela administração pedetista. Só não digo que vamos torcer porque, para a Bruna Surfistinha, “torcer dói”.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Rio ganha Olimpíadas de 2016 e Brasil já se prepara para gastar R$ 25,9 bi

Lello Lopes
Em Copenhague (Dinamarca)

Depois de três tentativas fracassadas, o Brasil finalmente ganhou a disputa pela sede dos Jogos Olímpicos. Agora, o governo brasileiro pode se preparar para colocar a mão no bolso. O projeto brasileiro é estimado em R$ 25,9 bilhões, cifra sem precedentes na história do esporte nacional.

Dinheiro para isso, garantem as autoridades, existe. "Entre as dez maiores economias do mundo, só o Brasil nunca organizou os Jogos Olímpicos", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles também fez coro. "Nós temos a 10ª maior economia do mundo e o Banco Mundial prevê que seremos a quinta até 2016. Já somos o quinto maior mercado publicitário do mundo e ainda estamos crescendo. E graças ao descobrimento do maior campo petroleiro do mundo, temos também grande reserva de petróleo. Nossa força econômica traz a certeza que podemos ter os jogos olímpicos".

O Rio de Janeiro bateu nesta sexta-feira Madri na rodada final da disputa para conquistar o direito de organizar os Jogos de 2016. Com isso, encerra um sonho que começou em 1992 e que já custou mais de R$ 180 milhões só em candidaturas. Chicago e Tóquio também foram superadas pelos cariocas.

Com a vitória, o Rio se torna a primeira cidade sul-americana a ser sede de uma Olimpíada. Além disso, faz o Brasil repetir os feitos de México, Alemanha e Estados Unidos, que organizaram, com diferença de dois anos, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.