domingo, abril 20, 2014

LUCIANO DO VALLE: A VOZ

Muito comovente a edição de anteontem do programa “Troca de Passes”, do SporTV. O narrador Jota Júnior ainda conseguiu suportar o nó na garganta para comentar Internacional x Vitória, mas Raul Quadros não foi capaz de segurar as lágrimas, ao vivo, enquanto homenageava alguém que, para ambos, representou uma sólida amizade de muitos anos.
         Luciano do Valle está morto. Para usar um bordão comum hoje em dia, “a ficha ainda não caiu”, em razão das circunstâncias nas quais se deu o falecimento. Uma hora a pessoa está numa boa, na certa conversando com a equipe com a qual trabalharia ontem na transmissão de uma partida do Campeonato Brasileiro, e na outra o país inteiro lamenta a morte do melhor narrador do país.
         Acredito que agora há um consenso em considerá-lo entre os locutores esportivos que aí estão como A Voz. Quem como eu tem mais de 30 anos e curte o esporte de uma maneira (quase) geral, sem dúvida alguma cresceu ouvindo as narrações maravilhosas de Luciano. Lembro agora – e a Internet ajuda a reproduzir aqui – o golaço de Zico pela Seleção Brasileira contra a Iugoslávia em Recife, no dia 30 de abril de 1986. O Galinho costura a defesa adversária, e Luciano o contou assim:
         “Fintou, ganhou, invadiu... Olha o gol! Olha o gol! GOOOLLLLLL!!! NÃO HÁ PALAVRAS PRA DESCREVER O GOL DE ZICO!!!!”.
         Ou então a segunda conquista das 500 Milhas de Indianápolis, em 1989, por Emerson Fittipaldi: “Colocou por dentro! Vai! Vai que cê passa! É o Brasil!!! É o Brasil!!! Vamo! Vamo lá! Mais um pouquinho, só mais um pouquinho! Vamo ver! BATEU AL UNSER!!! BATEU AL UNSER!!! EMERSON VAI GANHAR!!! EMERSON VAI GANHAR!!! Uma vitória pra ficar na história de todos nós!!!”.
         Por falar em automobilismo, Luciano narrou também o momento em que Nelson Piquet sagrou-se bicampeão mundial de Fórmula 1. Não satisfeito, o narrador simplesmente fez com que os apreciadores de corridas de automóveis aqui no Brasil se apaixonassem pela Fórmula Indy. De agora em diante, as 500 Milhas serão menos alegres porque ele não estará para levar aos espectadores televisivos a emoção de, quem sabe, mais uma vitória brasileira, como ocorreu ano passado com Tony Kannan.
         A importância de Luciano do Valle para a crônica esportiva é (e sempre será) tão grande que a transmissão do Grande Prêmio da China ficou em segundo plano. Todos os profissionais envolvidos não conseguiam disfarçar a tristeza pelo falecimento do locutor e por mais um passeio da Mercedes, mais uma vez com Lewis Hamilton em primeiro.
         Fernando Alonso foi o outro destaque da prova, mais uma vez carregando a Ferrari nas costas. Mais uma vez ousado na largada, Felipe Massa foi prejudicado pela incompetência da Williams em sua primeira parada e voltou para a pista em último lugar. Terminou em 15°.
         Lá do alto, na qualidade de alguém que testemunhou grandes façanhas brasileiras no esporte, Luciano do Valle certamente não gostou nem um pouco do que viu.

domingo, março 23, 2014

O que famosos que usam transporte público acham do sistema no Rio

http://oglobo.globo.com/rio/o-que-famosos-que-usam-transporte-publico-acham-do-sistema-no-rio-11937509

  • Depois de polêmica envolvendo Lucélia Santos, atores, músicos, escritores e artistas plásticos falam dos prós e contras de andar de ônibus e metrô

ROBERTO KAZ




Fotografada andando de ônibus, a atriz virou assunto nas redes sociais e passou a ser porta-voz dos descontentes com o sistema de transporte público carioca
Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo

Fotografada andando de ônibus, a atriz virou assunto nas redes sociais e passou a ser porta-voz dos descontentes com o sistema de transporte público carioca Fabio Seixo / Agência O Globo
RIO - O Rio tem 8.800 ônibus, divididos em 700 linhas, que rodam dois milhões de quilômetros por dia carregando três milhões de pessoas. Uma dessas pessoas é a atriz Lucélia Santos.
Na quarta-feira retrasada, Lucélia repetiu o roteiro que, vez por outra, lhe é contumaz. Deixou a casa que divide com os cachorros Batok e Asdrúbal no Itanhangá, cruzou o Alto da Boa Vista a bordo de um ônibus da linha 345 e, uma vez na Tijuca, pegou um metrô da Praça Saens Pena para o Centro da cidade. Cumpriu afazeres, seguiu para a aula de ioga no Humaitá e, no fim da tarde — exaurida e suada —, encarou de pé um 524 na volta para casa. Foi quando acabou fotografada por uma passageira.
Em minutos, a imagem estava nos sites de notícia, incluindo os de celebridade. “Lucélia Santos é flagrada em ônibus lotado no Rio’’, escreveu um blogueiro, valendo-se de um verbo mais usado para descrever ações da polícia que trivialidades do dia a dia. “Atriz Lucélia Santos é fotografada em ônibus cheio no Rio, após sumir da TV’’: a manchete circulou na web sugerindo uma relação de causa (sumir da TV) e efeito (andar de ônibus lotado).
Dois dias depois, a atriz desabafou em sua página no Twitter: “O Brasil é o único país que conheço em que andar de ônibus é politicamente incorreto! Vai entender...” Recebeu mensagens de apoio, foi procurada pelo Rio Ônibus (o sindicato que representa as empresas de ônibus do Rio), passou a reivindicar melhorias no serviço. De repente, por obra do acaso, se viu alçada ao posto de porta-voz dos descontentes.
— Fiquei brava só porque a foto era horrível — admitiu, numa conversa com a Revista O GLOBO na última terça-feira. — O resto (o fato de ter sido retratada num ônibus) não me importou nem um pouco. Mas agora, já que eu tenho voz, quero falar com empresários e com o prefeito. É bom para a cidade.
Isaura da novela “Escrava Isaura’’ e Bonitinha do filme “Bonitinha mas ordinária’’, Lucélia Santos viveu seu apogeu como atriz nas décadas de 70 e 80. Desde então, ela, que é ex-mulher do maestro John Neschling e mãe do ator Pedro Neschling, passou a se dedicar menos às telas e mais à carreira de documentarista e aos palcos. Nos últimos dois anos, esteve em cartaz em São Paulo com “A Falecida’’, de Nelson Rodrigues. Agora, pretende interpretar a pintora Frida Khalo.
Tem 56 anos, é vegetariana. Faz trilha três vezes por semana e sobe a Pedra da Gávea uma vez ao mês. Possui carro — um Honda —, mas não sabe dirigir. Já foi dona de um Troller com tração nas quatro rodas, que sonhava usar em competições de rali (sentada na cadeira do copiloto). Um motorista chamado Zé a atende às terças e às quintas.
— Se eu estivesse sempre no Rio, talvez tivesse motorista durante toda a semana. Mas para a vida que levo, dois dias resolvem — explica. — Além disso, não gosto de ter ninguém me esperando. Às vezes me sinto na obrigação de fazer minha agenda em função do Zé.
Peça no Centro motivou a atriz
No restante dos dias, se precisa ir à Zona Sul, pega um primeiro ônibus para atravessar o Itanhangá, cruza a pé a passarela sobre a Avenida Ministro Ivan Lins e toma um segundo coletivo no ponto em frente à igrejinha da Barra.
— Não sou madame. Faço faxina, passo roupa, lavo cachorro — conta, para em seguida filosofar. — Amo o conforto, o dinheiro, o sucesso. Adoro usar Channel e viajar de primeira classe, mas tenho outros valores. Gosto de carrão, mas teria vergonha de andar num desses. Nenhum carro é ocupado à sua potencialidade.
Lucélia mergulhou de cabeça no transporte público em 2011, quando estrelou a peça “Alguém acaba de morrer lá fora’’, no Centro.
— Era longe pra caramba, eu ia de ônibus e metrô — diz. — Táxi me estressa.
Como não conhecia bem as linhas, passou a fazer anotações em seu iPhone. No dia 28 de março daquele ano, escreveu: “Ônibus para Ipanema: 2016 amarelo com ar-condicionado.’’ Em 2 de outubro, acrescentou: “Ônibus 309 passa na praia. Vai pela Praia do Flamengo / Castelo, acho que pela Olegário’’, “467 Cascadura / Itanhangá / Rio das Pedras passa pela praia também’’, “Além do 233 que agora acho que é 302!!!”, “3 opções para casa, sendo duas pelo Alto’.’ No fatídico 12 de março recente, pouco antes de ser fotografada, acabara de anotar: “Ônibus por Humaitá 524 igrejinha da Barra.’’
— Aquele dia tinha sido um inferno. Na volta, fiquei duas horas no trânsito até o Largo da Barra — diz. — Eu não me importo de ser reconhecida no ônibus. Várias vezes alguém me pergunta se eu não sou “aquela atriz, a Lucinha Lins”. Acho graça. Só não entendo por que eu não posso andar de ônibus. Acho cafona, de mau gosto, essa cultura da celebridade. O artista, quanto melhor, mais maduro, mais tem o pé no chão. Quanto menos ego para mim, melhor.
No ar na novela das seis “Joia rara’’, o ator Carmo Dalla Vecchia, de 43 anos, só aprendeu a dirigir três meses atrás. Durante cerca de dez anos — desde que ingressou na Globo até protagonizar “Cobras e lagartos’’, em 2006 — foi da Zona Sul ao Projac de ônibus, trajeto que costuma levar pelo menos duas horas em dias de pouco trânsito.
— Eu aproveitava para ler o roteiro, sempre na altura dos olhos, para não ficar enjoado — ele lembra. —Me estranha as pessoas acharem isso estranho. Mais importante que vigiar os atores é vigiar os políticos e a qualidade do serviço.
Vez por outra, ainda pega o coletivo para ir a um centro cultural budista no Méier.
— O que está agregado ao fato de andar de ônibus? — pergunta. — Falta de status? Transporte público polui menos. Deveria ser o contrário.
Autor do livro “Fé em Deus e pé na tábua”, sobre o comportamento do brasileiro no trânsito, o antropólogo Roberto DaMatta lembra que o transporte coletivo nem sempre foi visto com maus olhos.
— Na minha infância eu pegava trem na Estação Leopoldina. Cadê a Leopoldina hoje? Inconscientemente ou não, destruímos a rede ferroviária a partir dos anos 50. Fizemos uma opção óbvia pelo transporte privado quando o individualismo entrou forte na sociedade brasileira. E, por ironia, isso reapareceu no lulo-petismo, com subsídio ao combustível e imposto baixo para os carros. O Brasil de hoje tem mais carro do que rua.
Na contramão desse movimento consumista, o artista Ernesto Neto, de 49 anos, atualmente com instalação à mostra no Guggenheim Bilbao, escolheu se desfazer de seu veículo há pouco mais de uma década.
— Eu morava no meu ateliê no Centro, quase não circulava. Dei o carro para um funcionário e passei a andar de táxi — diz.
Assim foi até recentemente, quando retomou o uso do ônibus. A escolha foi movida por uma causa nobre: ensinar seu filho Lito, de 13 anos, a ir à escola sozinho.
— Quando você é criança, andar de ônibus é uma liberdade. É assim que começa a independência — teoriza Neto.
A sua liberdade, como lembra, teve início na linha 157:
— Eu morava na Lagoa. Depois da escola, pegava o ônibus com mais umas três pessoas. Já meus amigos pegavam o 574, que era mais pop, cheio de gente indo para o Leblon e o Jardim Botânico. Eu ficava com uma dor de corno.
Também guarda lembranças — essas, mais eletrizantes — do 433 e do 438, “que pareciam levantar voo pelo Aterro”. Diz que a escolha atual pelo ônibus o força a ter uma relação maior com a cidade:
— Você tem que saber onde para cada linha, tem que saltar longe de casa, caminhar. No caminho acaba encontrando alguém. E existe a solidariedade das pessoas, que se oferecem para segurar as sacolas de quem está em pé. Não ando de ônibus porque é politicamente correto. Apenas me sinto feliz.
Morador de Santa Teresa, o músico BNegão, de 40 anos, é mais pragmático. Diz que a passagem de um coletivo em seu bairro — ainda mais isolado após a aposentadoria do bonde — é tão rara que costuma ser comemorada como se fosse uma aparição.
— Tem que ter muito tempo livre para pegar ônibus aqui. Quando passa, você faz um pedido — ironiza. — Antes tinha van, que facilitava. Mas os caras proibiram, embora permitam que, por R$ 80, elas levem os turistas para o Cristo.
Não raro, desce a pé ou de táxi para o Centro da cidade. De lá mergulha no metrô e vai para Tijuca, Copacabana e Largo do Machado, onde costuma ensaiar.
— Uso o que está mais em mãos. O negócio é chegar. — explica. — Só não entendo gente que acha uma onda pegar o metrô em Nova York. É sujo, acabado, feio pra caramba. Lá é bom e aqui é demérito?
O escritor Silviano Santiago concorda:
— Viajo para o exterior com frequência. Lá fora, andar de ônibus ou metrô não te desclassifica socialmente. Aqui é malvisto aos olhos da classe média.
Aos 77 anos, Santiago, que é morador de Ipanema, ainda pega ônibus (sempre sentado na janela) para ir ao cinema em Botafogo. Tem opinião formada sobre várias das linhas que atravessam seu bairro:
— Não gosto do 474 e do 415, porque são os piores motoristas, de longe. O 154 melhorou quando ganhou ar-condicionado. O 125 foi alongado até o Horto, ficou confuso.
Mineiro, ele lembra que ao chegar no Rio, na década de 60, o transporte público ainda tinha certa dignidade:
— Não havia tanto carro particular, todo mundo tomava bonde. O Drummond só ia de ônibus para o trabalho. Isso começou a mudar com a indústria do automóvel, e piorou com a noção atual de grife. Andar de ônibus não é uma grife.
Escritor: serviço é pior que veículo
O problema, acredita, não reside na qualidade do veículo, mas do serviço:
— Uma vez detectei que o motorista de ônibus entende que quem paga o salário não é o usuário, mas o empresário. A noção de concessão e serviço público aqui é muito pobre.
É por isso que, mesmo fazendo críticas ao serviço, a atriz Letícia Isnard, de 39 anos — que interpretou a personagem Ivana na novela “Avenida Brasil” —, insiste em andar de ônibus.
— Evito horário de pico, porque vira uma lata de sardinha. Também não uso para ir ao Projac, porque levaria o dobro do tempo — explica, antes de enumerar outros problemas. — Para subir o degrau, que é alto, tem que fazer pilates. Quando ando em pé, parece que estou surfando. E o motorista fica naquele calor, ao lado do motor. É tudo muito brutalizado.
Então por que a escolha?
— São as pequenas revoluções cotidianas — responde. — Para que eu pago imposto? Assim exerço meu direito de usar um serviço que deveria funcionar. Faço uma analogia: se a classe média matriculasse os filhos em escolas públicas, o nível, por causa da fiscalização, iria melhorar. A gente é muito pouco ouvido nesse país. No ano passado as pessoas foram às ruas e continua tudo a mesma porcaria.
Mas podem mudar, se depender da vontade de Lucélia Santos. Na semana passada, a atriz enviou um texto com 11 propostas de melhoria para o Rio Ônibus. Escreveu também um longo tratado sobre o assunto, disponível, junto com a versão online desta reportagem, no site do GLOBO. Num trecho, diz:
“Decidi aproveitar essa oportunidade para discutir publicamente a situação dos transportes coletivos no Rio. Eu posso fazer isso muito bem. Dona Francisca, minha faxineira que viaja três horas de ônibus para chegar ao trabalho, meu caseiro, meus funcionários do dia a dia não podem. E os que poderiam discutir o assunto, pois têm verve e condições para fazê-lo, não o fazem porque são egoístas, estão escondidos e refugiados nos seus carrões muitas vezes blindados, com medo dos ‘pobres’.”
— Outro dia, no ônibus, uma senhora me reconheceu e passou a contar a vida dela. Era passadeira, gostava de dar presente para o neto. Essas crônicas do cotidiano me encantam — ela diz. — Todo mundo deveria fazer um pouco isso para baixar a bola. As pessoas são muito metidas.

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Problema de Ronaldo na decisão e mentiras na campanha marcam a derrocada

http://copadomundo.uol.com.br/historia-da-copa/1998-franca/brasil-na-copa/

Campeão mundial em 1994, o Brasil não disputou as eliminatórias. A preparação da equipe e a definição dos 22 jogadores que iriam à França foram feitas durante jogos amistosos, sem o ritmo de uma competição. A vitória por 2 a 1 sobre a Alemanha, fora de casa, deu a impressão de que o time estava no caminho certo. Um mês depois, porém, a derrota para a Argentina em pleno Maracanã abalou a confiança da torcida.
Pressionado, o técnico Mario Jorge Lobo Zagallo teve que engolir a inclusão de Zico no cargo de coordenador. E, a menos de dez dias do início da Copa, o atacante Romário foi cortado por causa de uma lesão na panturrilha. Quando diagnosticada pelos médicos da seleção, a contusão foi considerada leve, e Romário se recuperaria a tempo de disputar o torneio.
Poucos dias depois, no entanto, a comissão técnica caiu em contradição. Dessa vez, disse que a lesão era grande e que não seria curada em tempo hábil. Cortado, Romário voltou a jogar pelo Flamengo bem antes do fim da Copa. Foi a primeira das três mentiras brasileiras na campanha na França.
Sem o herói do tetra, a briga por um lugar no ataque aumentou. Cobrando uma vaga entre os titulares, Edmundo entrou em atrito com os tetracampeões Bebeto e Leonardo, acusando os companheiros de boicotá-lo em treinos e partidas amistosas.
A estreia contra a Escócia não foi das melhores. O Brasil saiu na frente logo no início, aliviando a tensão, mas não mostrou um futebol convincente. Só garantiu a vitória por 2 a 1 com um gol contra. No segundo jogo, Ronaldo, Rivaldo e Bebeto marcaram os gols brasileiros na fácil vitória sobre a seleção de Marrocos, o que garantiu a classificação para a fase seguinte.
A segunda mentira se revelou após a terceira partida. A derrota por 2 a 1 para a Noruega mostrou que a união da equipe, alardeada por jogadores e comissão técnica, não era tanta assim. Depois do resultado, inútil dentro da competição, os jogadores trocaram farpas e críticas publicamente.
Nas oitavas de final, uma goleada tranquila sobre o Chile, com dois gols de Ronaldo e outros dois de César Sampaio, até então o melhor jogador brasileiro. Diante da Dinamarca, brilhou a estrela de Rivaldo, que marcou dois gols na apertada vitória por 3 a 2.
Na semifinal, contra a Holanda, Ronaldo fez seu melhor jogo no torneio. Abriu o placar e perdeu muitas chances de matar o jogo na prorrogação. O papel de herói, todavia, ficou para o goleiro Taffarel, que defendeu duas cobranças holandesas na decisão por pênaltis e colocou o Brasil na final.
No dia da decisão, o atacante Ronaldo sofreu uma convulsão horas antes da partida. Examinado em uma clínica francesa, foi liberado para atuar pelos médicos. O episódio abalou a seleção brasileira, que ficou assustada e dividida sobre a escalação do jogador.
Para o público, Ronaldo primeiro teve problemas no tornozelo. Depois, uma convulsão. Mais tarde, uma crise nervosa, disseram que teria "amarelado". A verdade jamais foi esclarecida totalmente. Foi a terceira e última mentira brasileira na Copa.
O que aconteceu na partida decisiva não é mistério para ninguém. Diante dos donos da casa, o Brasil não conseguiu enganar. Comandada por Zinedine Zidane, a França gastou a bola e venceu fácil por 3 a 0.
Antes disso, o Brasil jamais havia perdido um jogo de Copa do Mundo por tamanha diferença de gols. Com os três gols sofridos, a defesa brasileira levou 10 gols no total, terminando a competição como a mais vazada entre as 32 seleções. Foi também a primeira vez, desde 1974, que o Brasil perdeu dois jogos no mesmo Mundial. E o título ficou em boas mãos.

Escalação da Seleção

Jogos disputados
7
Gols marcados
14
Gols sofridos
11
Derrotas
2
Cartões amarelos
12
Cartões vermelhos
0
  • "Não estava nervoso. Já joguei decisões e essa era a que eu mais esperava. Não iria amarelar. A única coisa que aconteceu foi a indisposição."Ronaldo comenta sobre convulsão
DATAFASEJOGOS
10/06/19981ª faseBrasil Brasil - Bandeira 2 x 1 Escócia - Bandeira Escócia
16/06/19981ª faseBrasil Brasil - Bandeira 3 x 0 Marrocos - Bandeira Marrocos
23/06/19981ª faseBrasil Brasil - Bandeira 1 x 2 Noruega - Bandeira Noruega
27/06/1998OitavasBrasil Brasil - Bandeira 4 x 1 Chile - Bandeira Chile
03/07/1998QuartasBrasil Brasil - Bandeira 3 x 2 Dinamarca - Bandeira Dinamarca
07/07/1998SemifinalBrasil Brasil - Bandeira 1 (4) x 1 (2) Holanda - Bandeira Holanda
12/07/1998FinalBrasil Brasil - Bandeira 0 x 3 França - Bandeira França

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O ÚLTIMO ENSAIO FOTOGRÁFICO DE MARILYN MONROE ANTES DA PARTIDA PREMATURA

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/o-ultimo-ensaio-fotografico-de-marilyn-monroe/

Neste fim de semana, a coluna convida o leitor a uma incursão pelo último ensaio fotográfico protagonizado por Marilyn Monroe. Em julho de 1962, acossada por mais uma crise de depressão, a bela e sensualíssima estrela do cinema foi clicada por Bert Stern no hotel Bel Air, em Los Angeles. As 2.500 imagens seriam reunidas no livro The Last Sitting. Poucas semanas depois, Marilyn foi encontrada morta em casa. Estava sozinha. Tinha apenas 36 anos.
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domingo, fevereiro 02, 2014

Foto polêmica de Joaquim Barbosa em Miami vira alvo de mensaleiros

http://colunaesplanada.blogosfera.uol.com.br/2014/02/02/foto-polemica-de-joaquim-barbosa-em-miami-vira-alvo-de-mensaleiros/

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Reprodução – Brasil 247
Atualizada Dom, 02, 18h31: Uma foto do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, de férias em passagem por Miami, o deixa numa involuntária toga-justa. Publicada numa rede social, espalha-se desde a manhã deste domingo e o colocou na mira dos mensaleiros condenados, como Delúbio Soares.
Na foto, publicada no Twitter de Delúbio e no site Brasil 247, Barbosa aparece sorridente ao lado do empresário brasileiro Antonio Mahfuz. Segundo reportagem do portal, Mahfuz é foragido do Brasil e responde a 221 processos. A foto (confira abaixo) foi publicada no perfil do empresário na sua página no Facebook no último dia 22 de Novembro.
Em sua página no Facebook, o empresário brasileiro, questionado por amigos sobre Barbosa, responde: “O próprio. O seu, o meu, o nosso candidato a Presidente do Brasil sem Pedágio!!!'' . A Coluna o procurou pela rede social, mas ainda não obteve resposta.
A Coluna acionou a assessoria de imprensa do Presidente do STF neste domingo, que retornou. Ainda não há uma posição oficial do ministro, que será sondado.
Mahfuz era conhecido empresário do setor de venda de eletrodomésticos no interior paulista, teve mais de 120 lojas em três Estados, mas as fechou e foi condenado a prisão pela Justiça Federal por sonegar impostos (leia aqui). Mudou-se no início dos anos 2000 para a Flórida.
O caso expõe o risco assumido por figuras públicas ao se deixarem fotografar com estranhos. Fato é que Joaquim Barbosa tira fotos todos os dias com pessoas desconhecidas, a pedido delas, no Brasil e no exterior. Até o momento não há provas de que o ministro tenha ciência da vida pregressa do personagem.
Conforme revelou a Coluna em Junho do ano passado, o ministro Barbosa adquiriu um apartamento quarto-e-sala num bairro nobre de Miami, segundo a assessoria, financiado. Foi visto poucas vezes por lá desde então.
Os petistas e os chamados mensaleiros condenados já publicam a foto nas redes sociais, questionando se Barbosa conhece o empresário e em que situação a foto foi tirada. Neste domingo, o deputado federal João Paulo Cunha publicou um artigo titulado 'Carta aberta a Joaquim Barbosa', na qual se diz inocente na ação penal 470 e desafia o ministro a apresentar provas para sua condenação.
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Reprodução da foto na página do empresário no Facebook, postada dia 22 de Novembro
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Reprodução do Twitter do condenado Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, detido em regime semiaberto


sexta-feira, janeiro 24, 2014

Cara de palhaço

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cara-de-palhaco-,1122213,0.htm

Antero Greco - O Estado de S.Paulo
Muitos anos atrás, Miltinho fazia sucesso com uma música que começava assim: "Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço, foi este meu amargo fim..." O veterano artista cantava, lá no tempo do Onça, os desenganos de um apaixonado que quebrou a cara por causa de uma mulher que o fazia de bobo. Canção atualíssima, porque homem vive a cair do cavalo desde que Eva o convenceu a morder a maçã proibida. E não é só no amor.
Taí nossa presidente para provar que a faceirice feminina dribla os marmanjos ao menor descuido. Pois Dilma Rousseff não disse ontem, em encontro com Joseph Blatter, que construir estádios é "coisa relativamente simples"? Com uma frase trivial tratou de convencer a Fifa de que o temor com atrasos nas obras de cinco das 12 praças esportivas previstas para o Mundial não passa de assunto banal. Ninharia que não deveria tirar o sono de ninguém. E bem barata.
Só pode ser conversa fiada, script do jogo de cena em que as duas partes rasgaram elogios mútuos, sorriram para mostrar harmonia e não responderam a perguntas de repórteres. A chefe de Estado falou da boca pra fora. Quem a conhece melhor, crava que o governo está furibundo e preocupado com risco de falhas na organização do torneio e com os cronogramas desprezados.
Não há como justificar a demora. A escolha para receber a competição foi há sete anos, prazo suficiente para trabalhar com calma e planejamento. Trata-se de esculhambação que ultrapassou o limite do folclore e do estereótipo de que sempre damos um jeitinho.
O caso de Curitiba é emblemático da maneira como empurramos com a barriga prazos e compromissos. A ampliação da Arena da Baixada arrasta-se a passos de lesma. Não foi à toa que Jérôme Valcke ficou assustado na vistoria do começo da semana. O secretário-geral da Fifa age como chato. Ok. Desta vez, porém, está com a razão. Os jogos começam daqui a poucos meses e o campo está sem acabamento, sem grama, como se fosse para 2016 ou além...
Os responsáveis pelo projeto prometem entregar o prédio em maio e que não será necessário plano B. Como se isso fosse natural e corriqueiro. Sem motivos, portanto, para o francês se descabelar. Não é assim. Pode ser que, na base de jornadas extras e verbas adicionais, a arena seja concluída em tempo. Mas com que qualidade? Como garantir que serão seguidos padrões de segurança? Quem faz uma reforma frugal em casa sabe como dá dor de cabeça e como existe probabilidade de se concluir no tapa, com arranjos mal ajambrados. O que imaginar de um estádio?
A Copa sairá, disso não duvido - nunca levei a sério as ameaças da Fifa de mandar-se de mala, cuia, seleções e patrocinadores para outra freguesia. Bravatas. A brincadeira terá preço exorbitante, com muito improviso, arremedos e quebra-galhos. Não é catastrófico pensar que, em médio prazo, esses templos da bola engolirão mais dinheiro público em revisões.
E a prezada presidente me vem com essa de que estádios são coisa "razoavelmente simples" de tocar adiante ?! Imagino o sacrifício que seja erguer escolas, creches, hospitais e outros supérfluos. Epa, um Mundial não se faz com hospitais, já constatou o fenômeno do pragmatismo. Vai, Miltinho: "Estavas louca por um trouxa pra fazer cartaz. Na sua lista sou um bobo a mais."
Brasileiro-2013. O Ministério Público de São Paulo revelou, em entrevista à ESPN, que tem certeza de que a Portuguesa sabia que não poderia escalar Héverton na rodada final. Apesar disso, vai empenhar-se para anular os julgamentos que a puniram com a perda de 4 pontos com base no Estatuto do Torcedor.
Eu e outros jornalistas defendemos a boa fé da Lusa desde o primeiro momento, com o desgaste que isso nos provocou. Agora, se teve participação de alguém do clube, será indefensável, tema para inquérito policial. Miltinho, de novo: "Cara de gaiato, pinta de gaiato, roupa de gaiato, foi o que eu arranjei pra mim"...

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Salvador Dalí, sempre atual

http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,salvador-dali-sempre-atual-,1121553,0.htm

Julia Talarn e Hèctor Mariñosa/ Barcelona - EFE
Dalí morreu em 23 de janeiro de 1989 - Reprodução
Reprodução
Dalí morreu em 23 de janeiro de 1989
O gênio de Salvador Dalí continua atual depois de 25 anos da sua morte e suas obras continuam surpreendendo e atraindo o público, que no ano passado abarrotou o Museu Rainha Sofía e o Centro Pompidou, em Paris, para contemplar sua grande retrospectiva. Dali morreu em 23 de janeiro de 1989 em sua cidade natal, Figueres (Girona, Espanha). A personalidade e a trajetória do artista sempre gerou controvérsia, pois são muitos os que ainda lembram da sua simpatia e o seu apoio ao regime franquista e a comercialização das suas obras e da sua imagem durante os últimos anos da sua vida. 

Apesar disto, para a diretora do Centro de Estudios Dalinianos e curadora da exposição no Museu Rainha Sofia, Montse Aguer, Salvador Dalí em geral é “bem avaliado”, embora ela acredite que vai demorar ainda para “captar a importância de um artista interessado em temas tão distintos, o que o transformou num “personagem difícil de estudar e compreender”. “O importante é que falem de você, mas que falem bem”, lembra Montse Aguer, citando uma das frases preferidas do pintor. 

Segundo ela, hoje “quase todo mundo fala bem de Dalí” e o tempo fará com que a sociedade dê mais valor à sua projeção como artista e pensador. “25 anos não são nada na história da arte”, assinalou. Neste sentido, o crítico e historiador de arte Daniel Giralt-Miracle, disse que Dalí foi uma figura “plurivalente” que teve a repercussão política que desejava: “Sua vontade era ter pessoas a favor e pessoas contra”. E o fato de, 25 anos após a sua morte, ainda provocar discussão, significa que “ele planejou bem”. 

Se Dali desejava ter repercussão junto ao público, as últimas cifras mostram o entusiasmo que ainda provoca sua obra surrealista, uma arte que tem o dom de não envelhecer e que transformou o artista num autêntico fenômeno da cultura de massa. Na última retrospectiva de Salvador Dali, de 22 a 25 de março do ano passado, o Centro Pompidou, em Paris, pela primeira vez na sua história, precisou abrir suas portas 24 horas diariamente nos últimos dias da exposição, que recebeu 790.090 visitantes. Esta foi a segunda exposição mais vista na história do museu, superada apenas por uma outra, do próprio Salvador Dali, numa outra retrospectiva também no Centro Pompidou em 1979, vista por 8840.662 pessoas. 
 

A “febre” para contemplar a exuberante imaginação do artista passou depois para o museu Rainha Sofia, onde em quatro meses atraiu 732.229 visitantes. Foi a exposição mais visitada na história de Madri. Paralelamente, o número de visitas aos museus da Fudação Gala-Salvador Dali em Figueres, Púbol e Portllitat, na região da Gironda (todos na Catalunha) bateu recordes no ano passado, tendo chegado a 1.580.517 visitantes, muitos vindos de todos os cantos do planeta. 

Para Montse Aguer, apesar de a arte de Dali se inscrever nas correntes do século passado, ela continua “muito atual” porque o artista tinha “uma capacidade de antecipação” e também de “provocação”, e por isso atrai tanto o público adulto como jovens e até crianças. Mas a figura de Salvador Dalí superou nos últimos anos a sua produção artística, e os múltiplos aspectos da sua vida ainda despertam interesse, como prova o surgimento constante de livros que analisam sua produção, seu pensamento, ou sua biografia, e entre os últimos publicados está Querido Salvador querido Lorquito, que reúne toda a correspondência entre Dalí e Federico García Lorca. 

Salvador Dalí será homenageado esta semana em seu povoado natal de Figueres e em Cadaqués, onde residiu grande parte da sua vida, com oferendas de flores e diversas atividades que lembrarão o mais universal artista catalão. TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

quinta-feira, janeiro 16, 2014

Nosso herói

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,nosso-heroi-,1119026,0.htm

Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo

Acho que falo por todos os gordinhos sem graça do mundo, por todos os homens por quem ninguém dá nada, todos os com cara daqueles tios que nas festas de família ficam num canto e nem os cachorros lhes dão atenção, ou fazem xixi no seu sapato, todos os que se apaixonam mas não têm coragem de se aproximar da mulher amada, quanto mais declarar sua paixão, todos os que são chamados de "chuchu", mas não é um termo carinhoso, é uma referência ao legume sem gosto, todos os sem sal, os sem encanto, os sem carisma, os sem traquejo, os sem lábia - enfim, os sem chance - do mundo se disser que o François Hollande é o nosso herói. Ele é tudo que nós somos e não somos. É um dos nossos, mas com uma diferença: no caso dele era disfarce.
A companheira de Hollande, Valerie Trierweiler, que mora com ele no palácio presidencial e o acompanha em eventos oficiais e viagens, e que também é chamada de Rottweiler pela ferocidade canina da sua dedicação ao presidente, está internada com uma crise nervosa provocada pela revelação de que François tem uma amante, a atriz Julie Gayet, com quem costuma se encontrar num apartamento perto do palácio. Hollande já teve como companheira uma das mulheres mais interessantes da França, Ségolène Royal, com quem a fera teve quatro filhos. A pergunta que se faz na França é: o que exatamente esse homem tem que explique seu sucesso com as mulheres? A questão não tem nada a ver com direito à privacidade. Trata-se de uma curiosidade científica. Se o que ele tem, e disfarça com aquela cara, puder ser reproduzido em laboratório será um alento para a nossa categoria.
E nossa admiração só aumenta com os detalhes das escapadas de Hollande. Ele vai para seus encontros com Julie numa motocicleta. O Hollande vai para seus encontros com a amante montado numa motocicleta! Pintado no seu capacete, quem sabe, um galo, símbolo ao mesmo tempo da França e do seu próprio vigor. Ainda há esperança, portanto. Se ele pode, nós também podemos. Pois se François Hollande nos ensina alguma coisa é que biologia não é, afinal, destino.